O Grande Gatsby (Penguin)

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O Grande Gatsby (Penguin) Page 17

by F. Scott Fitzgerald


  Tom saiu de casa com uma garrafa embrulhada numa toalha, seguido por Daisy e Jordan, que usavam pequenos e apertados chapéus de tecido metalizado e carregavam capas leves nos braços.

  — Vamos todos no meu carro? — sugeriu Gatsby. Ele sentiu o calor do estofamento verde de couro. — Devia tê-lo deixado na sombra.

  — É de câmbio normal? — perguntou Tom.

  — É.

  — Bem, então você leva o meu cupê e me deixa dirigir o seu carro até a cidade.

  A ideia não agradou a Gatsby.

  — Acho que não tem gasolina suficiente — ele objetou.

  — Tem, sim — disse Tom ruidosamente. Olhou para o medidor. — E se faltar gasolina, posso parar numa drugstore. Pode-se comprar qualquer coisa numa drugstore hoje em dia.

  Seguiu-se uma pausa a esse comentário que parecia sem sentido. Daisy olhou zangada para Tom, e pelo rosto de Gatsby passou uma expressão indefinida, a um só tempo decididamente desconhecida e vagamente reconhecível, como se só eu tivesse ouvido alguém descrevê-la em palavras.

  — Vamos, Daisy — disse Tom, impelindo-a para o carro de Gatsby. — Eu te levo para passear neste vagão de circo.

  Ele abriu a porta, mas ela se afastou do alcance de seus braços.

  — Você leva Nick e Jordan. Nós iremos atrás no cupê.

  Ela andou até Gatsby, tocando seu casaco com a mão. Eu, Jordan e Tom nos sentamos no banco da frente do carro de Gatsby. Tom experimentou a nova embreagem e disparamos rumo ao calor opressivo, deixando-os para trás.

  — Vocês viram aquilo? — perguntou Tom.

  — Vimos o quê?

  Ele me fulminou com os olhos ao atinar, por fim, que eu e Jordan sabíamos o tempo todo.

  — Vocês pensam que eu sou idiota, não é? — ele sugeriu. — Talvez eu seja, mas tenho… uma espécie de sexto sentido, às vezes, que me diz o que fazer. Pode ser que vocês não acreditem nessas coisas, mas a ciência…

  Ele se deteve. Surpreendido por uma circunstância imediata, acabou se afastando da beira de um abismo hipotético.

  — Fiz uma pequena investigação sobre esse sujeito — ele prosseguiu. — Podia ter ido mais fundo, se soubesse que…

  — Quer dizer que você foi a um médium? — perguntou Jordan, bem-humorada.

  — O quê? — Confuso, ele ficou nos encarando enquanto dávamos risada. — Um médium?

  — Sobre Gatsby.

  — Sobre Gatsby! Não, não fui. Eu disse que fiz uma pequena investigação a respeito de seu passado.

  — E descobriu que ele é um homem de Oxford — completou Jordan.

  — Um homem de Oxford! — Ele estava incrédulo. — Que piada! Ele usa um terno cor-de-rosa.

  — Ainda assim, é um homem de Oxford.

  — Só se for de Oxford, Novo México — bufou Tom, com desdém —, ou algo do tipo.

  — Escute, Tom. Se você é tão esnobe, por que o convidou para almoçar? — perguntou Jordan, zangada.

  — Foi Daisy que convidou. Ela o conhecia de antes do nosso casamento, Deus sabe como!

  Estávamos todos irritados por haver passado o efeito da cerveja e, cientes disso, percorremos um bom trecho do caminho em silêncio. Então, quando os olhos desbotados do dr. T. J. Eckleburg despontaram no horizonte, lembrei-me do aviso de Gatsby sobre a gasolina.

  — Temos o suficiente para chegar à cidade — disse Tom.

  — Mas há uma oficina mecânica logo ali — protestou Jordan. — Não quero me ver em apuros neste calor de fritar.

  Tom pisou nos freios a contragosto e paramos de forma abrupta e poeirenta sob o letreiro “Wilson”. Após um instante, o proprietário surgiu de dentro e encarou o automóvel com um olhar cadavérico.

  — Ei, nós precisamos de gasolina! — gritou Tom com grosseria. — Acha que paramos só para admirar a vista?

  — Estou doente — disse Wilson, sem se mover. — Passei o dia doente.

  — Qual é o problema?

  — Estou esgotado.

  — Bem, eu devo abastecer sozinho? — Tom perguntou. — Você parecia muito bem ao telefone.

  Com esforço, Wilson deixou a sombra e o batente da porta que lhe suportava o peso, e, respirando pesadamente, desenroscou a tampa do tanque. À luz do sol, seu rosto estava verde.

  — Não quis interromper seu almoço — disse. — Mas eu estava precisando de dinheiro e fiquei imaginando o que você ia fazer com seu carro velho.

  — O que você acha deste? — perguntou Tom. — Comprei-o na semana passada.

  — É um belo carro amarelo — disse Wilson, estendendo a mão para pegar a bomba.

  — Quer comprar?

  — Quem me dera — Wilson sorriu debilmente. — Não, mas posso tirar um dinheiro com aquele outro.

  — E para que você quer o dinheiro, assim de repente?

  — Cansei de viver aqui. Quero ir embora. Minha esposa e eu queremos ir para o Oeste.

  — Sua esposa? — exclamou Tom, surpreso.

  — Faz uns dez anos que ela só fala nisso. — Ele se recostou por um momento na bomba, protegendo os olhos da claridade. — E agora ela vai comigo, mesmo se não quiser. Vou levá-la embora.

  O cupê passou voando, deixando para trás uma nuvem de poeira e o vislumbre de um aceno.

  — Quanto eu lhe devo? — perguntou Tom friamente.

  — É que nos últimos dias fiquei sabendo de uma coisa esquisita — comentou Wilson. — É por isso que quero sair daqui. Por isso tenho te incomodado com o carro.

  — Quanto eu lhe devo?

  — Um dólar e vinte centavos.

  Aquele calor implacável e cortante estava começando a me confundir, pois passei por maus momentos até perceber que suas suspeitas ainda não recaíam sobre Tom. Ele descobrira que Myrtle tinha uma segunda vida num mundo à parte, e o choque o adoecera fisicamente. Encarei Wilson e depois Tom, que havia feito uma descoberta similar menos de uma hora antes — e me ocorreu que não havia diferença entre os homens, de raça ou de inteligência, mais profunda do que entre doentes e sãos. Wilson estava tão doente que parecia culpado, imperdoavelmente culpado — como se houvesse acabado de engravidar uma moça pobre.

  — Vou vender aquele carro para você — disse Tom. — Amanhã à tarde alguém virá trazê-lo.

  O lugar já era vagamente perturbador, mesmo na claridade ofuscante da tarde, e então me virei para trás como se houvesse alguém no meu encalço. Sobre as pilhas de cinzas, os olhos gigantes do dr. T. J. Eckleburg mantinham a vigilância, mas notei, após um instante, que outros olhos nos encaravam a uns cinco metros de distância com uma intensidade peculiar.

  Em uma das janelas superiores da oficina, as cortinas haviam sido afastadas e Myrtle Wilson espiava o carro lá embaixo. Estava tão absorta que nem se deu conta de que a observavam, e as emoções dominavam seu rosto, uma a uma, feito objetos numa fotografia lentamente revelada. Sua expressão era curiosamente familiar — uma expressão que eu já vira em muitas mulheres, mas em Myrtle Wilson parecia despropositada e inexplicável, até que me dei conta de que seus olhos, com um terror invejoso, não estavam fixados em Tom, mas em Jordan Baker, que ela tomara por sua esposa.

  Não há confusão maior que a de um espírito simples e, conforme nos distanciávamos, Tom sentiu uma violenta pontada de pânico. Sua esposa e sua amante, até uma hora atrás seguras e invioladas, estavam fugindo intempestivamente de seu alcance. O instinto o fazia pisar no acelerador com o duplo propósito de alcançar Daisy e deixar Wilson para trás, portanto disparamos rumo a Astoria a oitenta quilômetros por hora até que, entre as vigas emaranhadas do elevado, vislumbramos o indolente cupê azul.

  — Os cinemas da rua 50 são muito frescos — comentou Jordan. — Adoro Nova York nas tardes de verão, quando todo mundo está fora. Há algo de sensual, algo de maduro, como se uma porção de frutas raras fosse cair a qualquer momento em nossas mãos.

  A palavra “sensual” teve o efeito de inquietar ainda mais Tom, porém, antes que ele pudesse arriscar um protesto, o cupê parou de repente e Daisy gesticulou para que encostássemos.
r />   — Para onde vamos? — ela gritou.

  — Que tal o cinema?

  — Está quente demais — Daisy reclamou. — Mas vocês podem ir. Nós vamos dar uma volta e encontraremos vocês depois. — Não sem esforço, ela aguçou sua esperteza. — Encontraremos vocês em alguma esquina. Eu serei o homem fumando dois cigarros.

  — Não vamos discutir isso aqui — disse um impaciente Tom, assim que um caminhão buzinou atrás de nós. — Me sigam até o lado sul do Central Park, em frente ao Plaza.

  No caminho, ele virou várias vezes para trás, a fim de certificar-se da presença do cupê, e reduziu a velocidade sempre que o automóvel era detido pelo tráfego, até que tornasse a aparecer. Acho que temia que eles escapassem por uma rua transversal e sumissem de sua vida para sempre.

  Mas não o fizeram. E todos nós tomamos a incompreensível decisão de continuar o debate numa suíte do Plaza Hotel.

  A discussão prolongada e tumultuada que acabou nos levando àquele quarto me foge à memória, embora eu tenha a nítida lembrança física de que, em seu decurso, minha roupa íntima grudava feito uma cobra ensopada pelas minhas pernas, e que gotas intermitentes de suor corriam pelas minhas costas. A ideia partiu de Daisy, que sugeriu que alugássemos cinco banheiros e tomássemos banhos frios, e acabou assumindo a forma mais tangível de “um lugar para tomar uísque com hortelã”.b Ninguém deixou de observar que era uma “ideia maluca” — mas todos a comunicamos em coro ao desnorteado recepcionista, pensando (ou fingindo pensar) que estávamos sendo engraçados…

  O quarto era amplo e sufocante, e, embora já fosse quatro da tarde, o ato de abrir as janelas só permitiu a entrada de um sopro quente vindo do parque. Daisy foi até o espelho e ficou de costas para nós, ajeitando o cabelo.

  — É uma suíte bacana — murmurou Jordan respeitosamente, e todos deram risada.

  — Abram mais uma janela — ordenou Daisy, sem virar para trás.

  — Não há mais janelas.

  — Nesse caso, vamos telefonar para pedir um machado…

  — O melhor a fazer é esquecer o calor — disse Tom, impaciente. — Ele fica dez vezes pior quando você resmunga.

  Ele desembrulhou a garrafa de uísque da toalha e a pôs sobre a mesa.

  — Por que não a deixa em paz, meu velho? — comentou Gatsby. — Foi você que quis vir à cidade.

  Houve um momento de silêncio. A lista telefônica escorregou do suporte e se esborrachou no chão, enquanto Jordan murmurava: “Mil perdões” — só que dessa vez ninguém deu risada.

  — Eu pego — me ofereci.

  — Já peguei. — Gatsby examinou a lombada partida ao meio, resmungou um “humm” interessado e atirou a lista à cadeira.

  — É uma de suas expressões preferidas, não? — disse Tom asperamente.

  — Qual?

  — Toda essa coisa de “meu velho”. Onde foi que aprendeu isso?

  — Escute aqui, Tom — disse Daisy, virando-se do espelho —, se você pretende fazer comentários pessoais, irei embora em um minuto. Ligue para a recepção e peça um pouco de gelo para o uísque.

  Assim que Tom ergueu o fone do gancho, o calor sufocante explodiu em som e ouvimos os portentosos acordes da “Marcha nupcial” de Mendelssohn, que emanava do salão abaixo de nós.

  — Imagine casar num calor desses! — gritou Jordan melancolicamente.

  — E ainda assim… eu me casei em meados de junho — recordou Daisy. — Louisville em junho! Alguém desmaiou. Você lembra quem desmaiou, Tom?

  — Biloxi — ele respondeu secamente.

  — Um homem chamado Biloxi… “Blocks” Biloxi. Ele confeccionava caixotes, é sério, e era de Biloxi, Tennessee.

  — Ele foi parar na minha casa — completou Jordan — porque eu morava a duas casas da igreja. E ficou lá umas três semanas, até que o papai o obrigou a ir embora. No dia seguinte, papai morreu. — Depois de um instante, ela acrescentou: — Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

  — Conheci um Bill Biloxi do Memphis — observei.

  — Era primo dele. Conheci toda a árvore genealógica da família dele antes de ir embora. Me deu um taco de alumínio que uso até hoje.

  A música cessou assim que a cerimônia teve início, e agora uma longa salva de palmas subia pela janela, seguida por gritos ocasionais de “Êê — êê — êê”, e finalmente por um estrondo de jazz, dando início ao baile.

  — Estamos ficando velhos — disse Daisy. — Se fôssemos jovens, nos levantaríamos para dançar.

  — Lembre-se de Biloxi — alertou Jordan. — De onde você o conhecia, Tom?

  — Biloxi? — Ele fez um esforço para lembrar. — Não o conhecia. Era amigo de Daisy.

  — Não era, não — ela negou. — Nunca o tinha visto antes. Ele veio no automóvel particular.

  — Bem, ele me falou que te conhecia. Disse que fora criado em Louisville. Asa Bird o trouxe no último minuto e perguntou se tínhamos onde acomodá-lo.

  Jordan sorriu.

  — Acho que ele estava tentando filar uma carona. Me disse que era representante da sua classe em Yale.

  Tom e eu nos entreolhamos, sem entender.

  — Biloxi?

  — Em primeiro lugar, não tínhamos nenhum representante de classe…

  Os pés de Gatsby não sossegavam, dando pancadas breves e angustiadas no chão, e Tom o encarou de súbito.

  — A propósito, senhor Gatsby, me disseram que o senhor é um homem de Oxford.

  — Não exatamente.

  — Ah, sim, quer dizer, você estudou lá.

  — É, estudei.

  Uma pausa. Então a voz de Tom, incrédula e ofensiva:

  — Deve ter ido na mesma época em que Biloxi esteve em New Haven.

  Outra pausa. Um garçom bateu à porta e entrou com um balde de gelo e hortelã picada, mas não chegou a romper o silêncio com seu “obrigado” e com o barulho cuidadoso da porta sendo fechada. Um detalhe significativo estava prestes a ser finalmente esclarecido.

  — Já te disse que estudei em Oxford — disse Gatsby.

  — Eu ouvi, mas queria saber quando.

  — Em 1919, e só fiquei cinco meses. É por isso que não posso me considerar um legítimo homem de Oxford.

  Tom olhou em volta para ver se compartilhávamos de sua descrença. Mas estávamos todos olhando para Gatsby.

  — Foi uma oportunidade que deram a alguns oficiais após o armistício — ele continuou. — Ganhamos o direito de frequentar qualquer universidade na Inglaterra ou na França.

  Tive vontade de me levantar e dar um tapinha em suas costas. Era um daqueles instantes de restauração absoluta da fé em Gatsby que eu já experimentara antes.

  Daisy levantou-se e, sorrindo debilmente, foi até a mesa.

  — Abra a garrafa de uísque, Tom — ela ordenou —, e eu vou preparar um drinque para você. Garanto que não terá a sensação de ser tão idiota… Vejam esta hortelã!

  — Só um momento — irrompeu Tom —, tenho mais uma pergunta para o senhor Gatsby.

  — Vamos lá — disse Gatsby educadamente.

  — Que tipo de confusão você está procurando na minha casa, afinal?

  Eles enfim falavam às claras e Gatsby ficou contente.

  — Ele não está procurando nenhuma confusão — interveio Daisy, olhando, desesperada, de um para o outro. — Você é que está procurando confusão. Por favor, controle-se.

  — Me controlar, eu? — repetiu Tom, incrédulo. — Suponho que o certo é ficar de braços cruzados e deixar o senhor Ninguém de Lugar Nenhum fazer amor com a sua esposa. Bem, se é essa a ideia, vocês podem ir desistindo… Hoje em dia, as pessoas começam desprezando a vida em família e as instituições, e logo estão jogando tudo para o alto e defendendo casamentos entre brancos e pretos.

  Ruborizado pelo discurso exaltado, ele se viu sozinho, de pé, como o último baluarte da civilização.

  — Aqui somos todos brancos — murmurou Jordan.

  — Sei que não sou tão popular. Não dou festas na minha casa. Ultimamente, parece que para ter ami
gos é preciso transformar a própria casa em chiqueiro.

  Mesmo zangado, como aliás estávamos todos naquele quarto, tive vontade de rir sempre que ele abria a boca, tão completa era a transição de libertino para pedante.

  — Eu também tenho algo a lhe dizer, meu velho — começou Gatsby. Mas Daisy adivinhou suas intenções.

  — Por favor, não fale! — ela interveio, em vão. — Por favor, vamos todos para casa. Por que não vamos embora?

  — Boa ideia — eu me levantei. — Vamos, Tom. Ninguém aqui está a fim de beber.

  — Quero ouvir o que o senhor Gatsby tem a me dizer.

  — Sua esposa não te ama — disse Gatsby — e nunca te amou. Ela me ama.

  — Ficou louco? — exclamou Tom mecanicamente.

  Gatsby caiu de joelhos, exaltado.

  — Ela nunca te amou, ouviu? — gritou. — Só se casou com você porque eu era pobre e ela estava cansada de esperar. Foi um erro terrível, mas no fundo ela nunca amou ninguém além de mim!

  Nesse ponto, eu e Jordan tentamos sair, mas Tom e Gatsby, rivalizando na firmeza, insistiram que ficássemos — como se nenhum deles tivesse o que esconder e como se fosse um privilégio compartilhar indiretamente de suas emoções.

  — Sente-se, Daisy — a voz de Tom arriscou, sem sucesso, um timbre mais paternal. — O que está acontecendo? Quero saber.

  — Eu já disse o que está acontecendo — afirmou Gatsby. — Está acontecendo nos últimos cinco anos, e você não sabe.

  Tom voltou-se para Daisy de forma agressiva:

  — Faz cinco anos que você está saindo com esse sujeito?

  — Saindo, não — respondeu Gatsby. — Nós não podíamos nos encontrar. Mas continuávamos nos amando esse tempo todo, meu velho, sem você saber. Às vezes eu ria muito — mas não havia nada de sorridente em seus olhos — só de pensar que você não sabia.

  — Chega. — Tom uniu a ponta dos dedos como um padre e recostou-se na cadeira.

  — Você está louco! — explodiu, por fim. — Não posso falar sobre o que aconteceu há mais de cinco anos, pois eu ainda não conhecia Daisy, e mesmo assim não vejo como você possa ter conseguido chegar a um quilômetro dela, a menos que trouxesse as compras pela porta dos fundos. Mas o resto é mentira. Daisy me amou quando nos casamos e ainda me ama.

 

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