pequeno, passageiro, desapareceu. Agindo por instinto, puxei o lábio inferior de
Wesley com os dentes, e ele gem eu em um ruído. Suas m ãos percorreram
m inhas costas, enviando arrepios para m inha coluna. Prazer. Puro e intenso
prazer.
Apenas um a vez, quando Wesley m e deitou de costas, pensei seriam ente em
parar. Ele olhou para m im , e sua m ão habilidosa segurou o zíper da m inha calça
j eans. Minha m ente adorm ecida agitou-se, e eu m e perguntei se as coisas não
tinham ido longe dem ais. Pensei em afastá-lo, em parar ali onde estávam os. Mas
por que pararia agora? O que eu tinha a perder? E o que podia ganhar? Com o m e
sentiria a respeito disso daqui a um a hora… ou m ais cedo?
Antes que eu pudesse pensar em algum a resposta, Wesley tirou m inha calça
e m inha calcinha. Sacou um a cam isinha do bolso (certo, agora que estou
pensando nisso, quem é que guarda cam isinhas no bolso? Na carteira, perfeito,
m as no bolso? Muito presunçoso, não acham ?), e logo sua calça estava no chão
tam bém . E, de repente, estávam os transando, e m eus pensam entos estavam
calados de novo.
capítulo 8
Eu tinha apenas catorze anos quando perdi a virgindade com Jake Gaither. Ele
tinha acabado de fazer dezoito, e eu sabia perfeitam ente que era velho dem ais
para m im . Mesm o assim , era um a caloura no ensino m édio, e só queria um
nam orado. Queria que gostassem de m im e queria m e integrar, e Jake era um
veterano com carro. Na época, eu considerava isso a perfeição.
Nos três m eses que ficam os j untos, Jake nunca m e levou para um encontro
rom ântico de verdade. Um a ou duas vezes, nam oram os no fundo de um a sala de
cinem a escura, m as nunca fom os j antar, ou j ogar boliche, nem nada disso.
Passávam os a m aior parte do tem po nos esgueirando, de m odo que nossos pais e
a irm ã dele, que depois veio a ser um a das m inhas m elhores am igas, não
descobrissem nada sobre a gente. Eu, na verdade, achava essa parte do segredo
divertida e sexy. Era com o um rom ance proibido — com o Romeu e Julieta, que
eu tinha lido na aula de inglês naquele sem estre.
Fom os para a cam a várias vezes, e, em bora eu não gostasse de fato do sexo
em si, a sensação de proxim idade, de conexão, era reconfortante para m im .
Quando Jake m e tocava daquele j eito, eu sabia que ele m e am ava. Sabia que
sexo era algo bonito e apaixonado, e parecia certo que fosse com ele.
Ir para a cam a com Wesley Rush era totalm ente diferente. Apesar de eu
com certeza ter sentido m ais prazer físico, a proxim idade e o am or não estavam
lá. Quando acabou, m e senti suj a. Com o se tivesse feito algo errado e
vergonhoso, m as ao m esm o tem po havia um a sensação boa. Viva. Livre.
Selvagem . Minha m ente estava totalm ente lim pa, com o se alguém tivesse
apertado o botão de reiniciar. Eu sabia que a euforia não duraria para sem pre,
contudo o pesar incôm odo valia pela fuga m om entânea.
— Uau! — exclam ou Wesley. Estávam os deitados em sua cam a, apenas
alguns m inutos depois de ter acabado, com um a distância de m ais de m eio m etro
entre nossos corpos. — Eu definitivam ente não estava esperando isso.
Meu Deus, ele estragava tudo quando falava. Irritada, e ainda tentando lidar
com as repercussões em ocionais, dei um a risadinha irônica.
— O que foi? Está com vergonha de ter transado com um a Duff?
— Não. — Fiquei surpresa com o tom sério da voz dele. — Nunca tenho
vergonha de ninguém com quem vou pra cam a. O sexo é um a reação quím ica
natural. Sem pre acontece por algum m otivo. Quem sou eu pra decidir quem vai
experim entar as delícias de com partilhar a m inha cam a? — Ele não m e viu
revirar os olhos e continuou: — Não, eu só queria dizer que estou chocado. Estava
sinceram ente com eçando a acreditar que você m e detestava.
— Eu detesto você m esm o! — garanti, chutando as cobertas e indo pegar
m inhas roupas.
— Você não deve m e detestar tanto assim — disse Wesley, apoiando-se no
cotovelo e m e observando enquanto m e vestia. — Você praticam ente se j ogou
em cim a de m im . Em geral, o ódio não inspira esse tipo de paixão.
Vesti a cam iseta.
— Acredite em m im , Wesley, eu definitivam ente detesto você. Estava
apenas te usando. Você usa as pessoas o tem po todo, então tenho certeza que
entende. — Abotoei m eu j eans e peguei m inha presilha de cabelo na m esinha de
cabeceira. — Foi divertido, m as se contar a alguém , j uro que castro você. Está
claro?
— Por quê? — perguntou ele. — Sua reputação só pode m elhorar se as
pessoas descobrirem que você foi pra cam a com igo.
— Isso até pode ser verdade — adm iti. — Mas não tenho nenhum desej o de
m elhorar m inha reputação, sobretudo desse j eito. Então, você vai ficar de boca
calada ou eu preciso encontrar um obj eto afiado agora?
— Um cavalheiro não conta essas coisas.
— Você não é um cavalheiro. — Prendi m eu cabelo de novo. — É por isso
que estou preocupada. — Olhei o m eu reflexo no espelho de corpo inteiro
pendurado na parede. Quando fiquei segura de que parecia norm al, e não
culpada, virei-m e para encarar Wesley novam ente.
— Vam os, vista a calça. Precisam os acabar essa droga de trabalho.
Passava um pouco das sete da noite quando Wesley e eu finalm ente acabam os o
trabalho de inglês. Ou pelo m enos acabam os o rascunho. Fiz ele m e prom eter
que m e m andaria por e-m ail a versão inicial m ais tarde, para que eu pudesse
editá-la.
— Você não confia em m im para fazer isso? — perguntou ele, erguendo
um a sobrancelha enquanto eu calçava os sapatos no saguão.
— Não confio em você pra nada — respondi.
— Exceto pra fazer você chegar lá. — Ele estava com aquele sorrisinho que
eu odiava. — Então, foi um a vez só, ou vou ver você de novo?
Com ecei a m e irritar e a lhe dizer que estava sonhando se pensava
sinceram ente que eu voltaria, m as então lem brei que estava prestes a ir para
casa. O envelope de papel pardo ainda estava, provavelm ente, em cim a da m esa
da cozinha.
— Bianca? — perguntou Wesley. Um arrepio percorreu m inha pele quando
ele tocou m eu om bro. — Está tudo bem ?
Desvencilhei-m e e fui em direção à porta. Estava na m etade do cam inho
quando m e virei e disse, com um instante de hesitação:
— Vam os ver. — E desci correndo a escada da frente.
— Bianca, espera!
Apertei m eu casaco em volta do corpo, tentando lutar contra o vento frio, e
abri a porta do m eu Golf. Ele estava atrás de m im em alguns segundos, m as,
ainda bem , não m e tocou dessa vez.
— O que foi? — perguntei enquanto sentava ao volante. — Preciso ir pra
casa.
Minha casa, o últim o lugar para onde queria ir.
O céu de inverno j á ficara preto, no entanto eu ainda conseguia ver os olhos
cinza de Wesley no escuro. Eram exatam ente da cor do céu antes da tem pestade.
Ele se inclinou j unto à porta para que seus olhos ficassem à altura dos m eus, e o
j eito com o m e olhava m e deixou realm
ente desconfortável.
— Você não respondeu a outra pergunta.
— Que outra pergunta?
— Você está bem ?
Eu o encarei por um longo tem po, supondo que ele estivesse apenas tentando
ser irritante. Mas algo nos seus olhos brilhantes m e fez hesitar.
— Não im porta se estou ou não — sussurrei. Liguei o carro, e ele se afastou
rapidam ente quando bati a porta. — Tchau, Wesley.
E fui em bora.
Quando cheguei em casa, m eu pai ainda estava no quarto. Acabei de lim par
a sala de estar, evitando a cozinha deliberadam ente, e corri para cim a para
tom ar um a ducha. A água quente não lavou a sensação de suj eira que Wesley
deixara na m inha pele, m as conseguiu relaxar alguns m úsculos que form avam
nós intensos nas costas e nos om bros. Eu esperava que a suj eira fosse lavada dali
a algum tem po.
Eu tinha acabado de m e enrolar na toalha quando m eu celular com eçou a
tocar no quarto, e corri pelo corredor para atender a tem po.
— Oi, B — disse Casey no m eu ouvido. — Então, você e Wesley acabaram ?
— O quê?
— Vocês dois estavam fazendo o trabalho de inglês hoj e, né? — perguntou
ela. — Pensei que ele ia encontrar você aí na sua casa.
— Ah… certo. Bem , acabei indo pra casa dele em vez disso. — Estava m e
esforçando pra não parecer culpada.
— Meu Deus, quer dizer na m ansão? — perguntou Casey. — Que sorte!
Você foi a um a das sacadas? Vikki diz que é um dos m otivos pelos quais ela quer
ficar com ele de novo. Da últim a vez foi no assento traseiro do Porsche dele, m as
ela quer m uito ver o interior dessa casa.
— Essa conversa tem algum propósito, Casey ?
— Ah, sim ! — Ela riu. — Desculpe, não é nada de m ais. Apenas queria ter
certeza de que você estava bem .
Por que estava todo m undo m e perguntando isso hoj e?
— Sei que você detesta o Wesley — continuou ela. — Queria ter certeza de
que você estava bem … e que ele tam bém estava. Você não deu um a facada
nele, certo? Quer dizer, desaprovo totalm ente o assassinato de hom ens gatos, m as
se você precisar de aj uda para enterrar o corpo, saiba que eu levo a pá.
— Obrigada, Casey — respondi. — Mas ele está vivo. Hoj e não foi tão ruim
quanto eu esperava. Na verdade… — Quase contei tudo a ela. Que m eus pais
iam se divorciar e com o, em um m om ento de desespero, tinha beij ado Wesley
Rush, de novo. Com o esse beij o se tornara algo m uito, m uito m aior. Com o sentia
m eu corpo todo suj o e, ao m esm o tem po, incrivelm ente livre. As palavras
chegaram à ponta da língua, m as não consegui pronunciá-las.
Ainda não, pelo m enos.
— Na verdade o quê, B? — perguntou ela, tirando-m e dos m eus
pensam entos.
— Ahn… nada. Ele na verdade teve ideias m uito boas para o trabalho. Foi
isso. Acho que ele é, tipo, um fã de Hawthorne ou algo assim .
— Que bom . Sei que você acha sexy um cara ser inteligente. Você vai
adm itir que se sente atraída por ele agora?
Congelei, sem saber com o responder a isso, porém Casey j á estava rindo.
— Estou brincando, m as estou satisfeita de saber que tudo acabou bem .
Estava m eio preocupada com você hoj e. Tinha a sensação de que algo ruim ia
acontecer. Acho que estava só sendo paranoica.
— Deve ser isso.
— Preciso ir. Jessica quer que eu ligue pra ela com todos os detalhes do m eu
encontro com Harrison. Ela sim plesm ente não entende, né? Bom , a gente se vê
na escola segunda-feira.
— Certo. Tchau, Casey.
— Até m ais, B.
Desliguei o celular e coloquei-o na m inha m esinha de cabeceira, sentindo-
m e um a com pleta m entirosa. Tecnicam ente, não tinha m entido: apenas ocultado
um a inform ação, m as m esm o assim … esconder algo de Casey era, tipo, um
pecado m ortal. Sobretudo porque ela fizera questão de se abrir para m eus
problem as.
Mas eu lhe contaria, algum dia. Bem , sobre m eus pais, pelo m enos. Só
precisava conseguir dar conta daquilo sozinha antes de j ogar tudo em cim a dela e
de Jessica. A questão com Wesley, no entanto… m eu Deus, esperava que elas
nunca descobrissem .
Aj oelhei ao pé da m inha cam a e com ecei a dobrar as roupas lim pas, com o
fazia toda noite. Estranham ente, não estava tão estressada quanto esperava.
Detestava adm itir, m as precisava m esm o agradecer a Wesley por isso.
capítulo 9
Papai não saiu de seu quarto pelo resto do fim de sem ana. Bati na porta um as
duas vezes na tarde de dom ingo e m e ofereci para lhe fazer algo para com er,
m as ele apenas m urm urou um a recusa, nunca abrindo a porta entre nós. Seu
isolam ento m e aterrorizou. Ele devia estar deprim ido por causa de m am ãe e,
para piorar, envergonhado por ter tido um a recaída, m as eu sabia que isso não
era saudável. Decidi que, se não saísse de lá até segunda-feira à tarde, eu
invadiria o quarto e… bem , não sabia o que faria a seguir. Nesse m eio-tem po,
tentava não pensar no m eu pai ou nos papéis do divórcio sobre a m esa da
cozinha.
Surpreendentem ente, isso até que foi fácil.
A m aior parte dos m eus pensam entos vagou em torno de Wesley. Que nojo,
né? Mas eu realm ente não sabia com o lidar com a escola na segunda-feira. O
que fazer depois de se pegar por um a noite (ou, no m eu caso, um a tarde) com o
m aior galinha da escola? Será que devia agir com indiferença? Devia tratá-lo
com o m eu ódio indisfarçado de sem pre? Ou, porque honestam ente m e diverti,
deveria agir, tipo, com o se estivesse agradecida? Dim inuir um pouco o
contentam ento e ser amigável? Eu devia algo a ele? É claro que não. Ele tirou
tanto da experiência quanto eu, exceto a autoaversão.
Quando cheguei à escola na segunda-feira de m anhã, estava quase decidida
a evitá-lo com pletam ente.
— Você está bem , Bianca? — perguntou Jessica enquanto saíam os da aula
de espanhol no final do prim eiro período. — Você está agindo… hã, de form a
estranha.
Adm ito, m inhas habilidades de espiã não eram exatam ente boas, m as eu
sabia que Wesley passava pela sala de aula a cam inho do segundo período, e eu
não queria arriscar um estranho encontro pós-sexo no corredor. Espiei
ansiosam ente pela beirada da porta, varrendo a m ultidão na tentativa de
encontrar aqueles cachos castanhos inconfundíveis. Mas, se Jessica estava
dizendo que algo estava acontecendo, eu estava sendo óbvia dem ais.
— Não é nada — m enti, saindo para o corredor. Olhei para os dois lados,
com o um a criança pequena atravessando um a avenida m ovim entada, e fiquei
aliviada por não vê-lo em lugar nenhum . — Estou bem .
— Ah, tudo bem — disse ela, sem desconfiar. — Devo ter im aginado, então.
— Você deve ter im aginado.
Jessica aj eitou um a m echa solta de seu cabelo loiro que havia escapado dos
confins de seu rabo de cavalo.
— Ah, Bianca, esqueci de contar pra você! Estou tão anim ada!
— Vou adivinhar — provoquei. — Tem algo a ver com Harrison Carly le,
certo? El
e perguntou onde você com prou sua calça j eans skinny fofa dessa vez?
Ou com o você hidrata seu cabelo m aravilhoso?
— Não! — Jessica riu. — Não… Na verdade, é m eu irm ão. Ele vem nos
visitar esta sem ana e deve chegar a Ham ilton ao m eio-dia de hoj e. Ele vai m e
apanhar na escola de tarde. Estou realm ente anim ada em vê-lo. Faz, tipo, dois
anos e m eio desde que ele foi pra faculdade e… ei, Bianca, você tem certeza de
que está bem ?
Eu havia parado, congelada, no m eio do corredor. Podia sentir o sangue
fugindo do m eu rosto e m inhas m ãos ficando frias e com eçando a trem er. Aquilo
era definitivam ente o com eço de um a náusea, m as eu disse a m esm a velha
m entira.
— Estou bem . — Forcei m eus pés a se m overem novam ente. — Eu só, ahn,
pensei ter esquecido um a coisa. Está tudo bem . Agora, o que é que você estava
dizendo?
Jessica prosseguiu:
— Ah, bem , estou tão anim ada com Jake! Não posso acreditar que estou
dizendo isso, m as eu realm ente, realm ente senti falta dele. Vai ser legal ficar
com ele por alguns dias. Ah, e acho que a Tiffany vai vir com ele. Contei pra
você que eles acabaram de ficar noivos?
— Não. Isso é ótim o… Tenho de ir pra aula, Jessica.
— Ah… certo. Bem , vej o você na aula de inglês, Bianca. — Eu j á estava na
m etade do corredor quando Jessica conseguiu pronunciar a frase.
Forcei cam inho em m eio aos alunos que debandavam , m al os ouvindo,
enquanto m e xingavam por pisar em seus pés ou por trom bar com eles com
m inha m ochila. Os sons à m inha volta vagarosam ente dim inuíram quando as
m em órias indesej áveis invadiram m inha cabeça. Era com o se as palavras de
Jessica tivessem quebrado a represa que as m antivera contidas por tanto tem po.
— Então, você é a Bianca? A caloura vagabunda que está transando com
meu namorado?
— Seu namorado? Eu não…
— Fique longe do Jake!
Meu rosto queim ava enquanto as lem branças m e invadiam . Meus pés se
m exiam tão rápido que quase entrei correndo na aula de organização política
avançada. Com o se eu pudesse fugir dos pensam entos. Com o se eles não fossem
m e perseguir com um a vingança. Mas Jake Gaither voltaria a Ham ilton e ficaria
por um a sem ana. Jake Gaither estava noivo de Tiffany. Jake Gaither… o garoto
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