Duff

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Duff Page 22

by Kody Keplinger


  Estou contente de saber que o filho dele é um garoto bacana tam bém .

  — Ele é — falei.

  O som de passos veio do alto da escada, e nós dois olham os para o teto.

  — Ah… — Papai balançou a cabeça e olhou de volta para m im . — Eu

  quase m e esqueci delas. Elas ficaram suspeitam ente quietas a noite toda.

  — Sim — falei. — Acho que eu deveria subir antes de Casey ter um

  aneurism a. Vej o você pela m anhã, pai.

  — Certo — respondeu m eu pai. Ele alcançou o controle rem oto e aum entou

  o volum e da televisão. — Boa noite, Abelhinha.

  Dancei até m etade da escada antes de papai m e cham ar novam ente.

  — Ei, Abelhinha?

  Parei e m e inclinei contra o corrim ão, olhando para baixo, para a sala de

  estar.

  — Sim ?

  — O que foi que aconteceu com o Wesley ?

  Congelei, m e sentindo engasgar um pouquinho.

  — O… o quê?

  — Seu am igo. Aquele que, hã… estava com você naquela noite.

  Ele olhou para m im do sofá, arrum ando seus óculos.

  — Você não fala m uito sobre ele.

  — Não saím os m ais j untos — falei, usando aquela voz que deixava claro

  que ele não devia fazer perguntas. Todas as adolescentes conhecem aquela voz e

  a usam com seus pais com frequência. Norm alm ente, a ordem não dita é

  acatada. Meu pai m e am ava, m as ele sabia que era m elhor não analisar o dram a

  da m inha experiência do ensino m édio.

  Meu pai era esperto.

  — Ah… eu só estava im aginando…

  — Bianca! — A porta do m eu quarto se abriu, e Jessica, vestida com um

  pij am a laranj a fluorescente, deu um pulo para fora. Ela correu até m etade do

  cam inho escada abaixo e m e agarrou pelo braço. — Chega de nos fazer esperar!

  Venha nos contar tudo.

  A excitação de Jessica quase tirou a m enção de papai a Wesley da m inha

  cabeça.

  Quase.

  — Boa noite, sr. Piper! — gritou Jessica enquanto m e arrastava para m eu

  quarto.

  Depois de alguns degraus, m eus pés retom aram a dança, e eu m e lem brei

  que tinha acabado de ter o m elhor encontro de todos, com o cara dos m eus

  sonhos. Me senti contagiada pela alegria inebriante que as m inhas m elhores

  am igas expressaram assim que entrei no quarto. Dando gritinhos, pulando, m e

  anim ando… Eu tinha o direito de m e sentir feliz com aquilo. Mesm o nós, os

  cínicos, m erecem os um a noite de folga de vez em quando, certo?

  capítulo 22

  Meu bom hum or durou tanto tem po que chegou até a tarde de segunda-feira.

  Quer dizer, o que havia no m undo para m e irritar? Nada. As coisas voltaram ao

  norm al em casa. Minhas am igas não m e arrastavam para o Nest fazia sem anas.

  Ah, sim , e eu tinha acabado de ter um encontro com o garoto perfeito. Quem

  poderia reclam ar?

  — Acho que nunca vi você tão assim — observou Casey quando saíam os do

  estacionam ento dos alunos. A voz dela estava cheia de disposição, um efeito

  colateral indesej ável da prática de anim ação de torcidas, e ela pulava para cim a

  e para baixo em seu banco. — É tão anim ador!

  — Nossa, Casey, você m e faz parecer um a suicida em potencial ou algo

  assim .

  — Não é isso! — disse ela. — É só que você não está tão am arga

  ultim am ente quanto costum a ser. É um a m udança boa.

  — Eu não sou am arga.

  — Você é. — Ela esticou o braço e deu um tapinha no m eu j oelho. — Mas

  tudo bem , B. É só um a parte da sua personalidade. Nós a aceitam os. Mas você

  não está sendo am arga nos últim os tem pos, e isso é incrível. Não leve isso com o

  um insulto.

  — Que sej a. — E dei um sorriso.

  — Viu? — gritou Casey. — Você deu um sorrisinho. Você não consegue

  parar, né? Com o eu disse, você está m ais feliz do que j am ais vi.

  — Certo, talvez você estej a um pouco certa — adm iti. Era m eio que

  verdade. Eu tinha Casey e Jessica de volta. As coisas estavam norm ais com

  papai. Por que reclam ar?

  — Sem pre estou. — Ela se inclinou para a frente e m udou o rádio para

  algum a porcaria de estação que tocava as Top 40.

  — Então, o que há entre você e Toby? Algo que valha um a fofoca?

  — Não realm ente. Ele vai lá em casa hoj e à tarde.

  — Uuh! — Ela recostou no banco e piscou para m im . — Para m im , vale

  um a fofoca. Você com prou preservativos extragrandes, certo?

  — Cala a boca — falei. — Não é esse tipo de coisa, e você sabe disso. Ele só

  vai passar lá em casa para trabalharm os em nossas redações dissertativas para a

  aula de organização política avançada. É…

  Fui interrom pida quando m eu celular, que estava no porta-copos, com eçou a

  vibrar e tocar um a m úsica alta. Meus dedos de im ediato agarraram o volante.

  Sabia para quem eu program ara aquele toque, e aqueles poucos tons foram

  suficientes para destruir m inha tarde inteira.

  — Britney Spears? Você tem Womanizer com o toque do seu celular, sério?

  Meu Deus, B, essa m úsica é tão 2008 — riu Casey.

  Não respondi.

  — Você não vai atender?

  — Não.

  — Por que não?

  — Porque não quero falar com ele.

  — Com quem ?

  Não respondi, então Casey apanhou m eu celular e conferiu o identificador

  de cham adas. Ela deixou escapar um suspiro de quem entendeu tudo. Poucos

  segundos depois, a m úsica parou de tocar, m as eu não consegui obrigar m eu

  corpo a relaxar novam ente. Eu estava tensa e ansiosa, e não aj udava saber que

  Casey tinha os olhos grudados em m im .

  — Você não falou com ele?

  — Não — m urm urei.

  — Desde o dia em que eu peguei você na casa dele?

  — A-hã.

  — Ah, B… — suspirou ela.

  O carro ficou quieto — bem , exceto pelo som irritante de um a cantora pop

  pouco talentosa no rádio, m as ela estava m uito ocupada reclam ando de seu

  nam orado traidor para se im portar com m eus problem as.

  — O que você acha que ele quer? — perguntou Casey, quando a m úsica

  acabou. Ela parecia um pouco am arga.

  — Conhecendo Wesley … provavelm ente está ligando porque está a fim de

  uns am assos — resm unguei. — Nunca é nada além disso.

  — Bem , então foi bom que você não tenha atendido. — Ela devolveu m eu

  celular ao porta-copos e cruzou os braços sobre o peito. — Porque ele não

  m erece você, B. E você está com Toby agora, e ele é perfeito e a trata da

  m aneira com o deveria ser tratada… ao contrário do babaca.

  Parte de m im queria fazê-la parar. Queria defender Wesley. Ele não tinha

  de fato m e tratado m al. Quer dizer, sim , ele tinha incessantem ente m e cham ado

  de Duff, o que havia sido irritante e doloroso, m as, acim a de tudo, Wesley tinha

  sido bom para m im .

  Mas não contei isso a Casey. Não disse nada. Ela não sabia com o havia sido

  aquela últim a noite com Wesley, com o ele tinha sido m eu am igo por m ais ou

  m enos doze horas seguidas. Ela não sabia sobre a recaída de m eu pai ou a

  m aneira com o Wesley m e apoiara. Aq
uelas eram coisas que eu nunca poderia

  lhe contar.

  Ela estava irritada com Wesley apenas porque estava assustada. Assustada

  que eu corresse de volta para ele e esquecesse dela e de Jessica novam ente.

  Defender Wesley não aj udaria a dim inuir aquele tem or.

  Toby tinha passado de nerd para herói na m ente de Casey em um a questão

  de dias, sim plesm ente porque não havia m e tirado dela. Eu não ia passar todas as

  tardes com ele com o passei com Wesley. Não queria, realm ente. Algum as vezes

  aquilo m e assustava, m as entendi que era norm al. Era um a relação saudável e

  não escapista, ao contrário da que eu tive com Wesley. E, naquele m om ento,

  estava realm ente feliz por passar algum tem po com m inhas am igas.

  Em biquei o carro na casa de Casey e apertei a trava autom ática da m inha

  porta.

  — Não se preocupe com igo. Você está certa. Toby é incrível e ele fez com

  que fosse m ais fácil seguir em frente. Já segui em frente. As coisas estão indo

  bem pra m im , então não se preocupe.

  — Certo — disse ela. — O.k. Bem , vej o você am anhã, B.

  — Tchau.

  Casey saiu do carro e eu fui em bora, pensando por que tinha acabado de

  m entir para ela. Honestam ente, não tinha certeza.

  No cam inho de casa, Wesley ligou de novo.

  Eu o ignorei.

  Porque as coisas estavam indo bem para m im .

  Porque eu estava seguindo em frente.

  Porque falar em um celular e dirigir ao m esm o tem po não é seguro.

  Tirei Wesley da m inha cabeça quando vi o carro de Toby estacionado na

  frente da m inha casa. Papai ainda não havia chegado do trabalho, então Toby

  estava sentado nos degraus da varanda da frente com um livro. A arm ação dos

  óculos dele, refletindo o sol, parecia brilhar. Era com o se Toby fosse um troféu.

  Desci do carro e m e apressei pelo cam inho até ele.

  — Ei! — cham ei. — Foi m al. Precisei levar Casey em casa.

  Ele olhou para m im com um sorriso.

  Não um sorrisinho enviesado…

  Precisei m e dar um a sacudidela m ental. Não ia pensar em Wesley. Não ia

  m e perm itir sentir falta dele. Não quando eu tinha Toby. O doce, o norm al, o

  Toby do sorriso brilhante.

  — Tudo bem — disse ele. — Estou aproveitando o tem po. É tão im previsível

  na prim avera... — Ele enfiou o m arcador nas páginas do seu rom ance. — É bom

  tom ar um pouquinho de sol.

  — Brontë? — perguntei, vendo a capa do livro. — O morro dos ventos

  uivantes? Não é m eio fem inino, Toby ?

  — Você leu?

  — Bem , não — adm iti. — Li Jane Eyre, que definitivam ente estava cheio

  das prim eiras m anifestações do fem inism o. Não estou dizendo que é um

  problem a. Eu m esm a sou totalm ente fem inista, m as é um pouco incom um ver

  um m enino lendo isso.

  Toby balançou a cabeça.

  — Jane Eyre é de Charlotte Brontë. O morro dos ventos uivantes é de Em ily.

  As irm ãs são m uito, m uito diferentes. Sim , O morro dos ventos uivantes é

  norm alm ente considerado um a história de am or, m as não concordo com isso. É

  quase um a história de suspense, e há m ais ódio do que rom ance. Os personagens

  são cruéis, m im ados e egoístas… É m eio com o assistir a um episódio de Gossip

  Girl no século XVIII. Exceto, é claro, que é bem m enos ridículo.

  — Interessante — m urm urei, desapontada porque eu assistia secreta e

  regularm ente a Gossip Girl.

  — Não é um dos favoritos da m aioria dos garotos da m inha idade, acho —

  disse ele. — Mas é um divisor de águas. Você devia lê-lo.

  — Eu poderia.

  — Você devia.

  Sorri e balancei a cabeça.

  — Você está pronto para entrar ou o quê?

  — Com certeza. — Ele bateu o livro ao fechá-lo e ficou de pé.

  — Você prim eiro.

  Destranquei a porta e deixei que Toby entrasse na m inha frente, e ele

  im ediatam ente tirou os sapatos. Não que vivêssem os com o porcos ou algo assim ,

  m as nunca ninguém fez isso em nossa casa. Eu não pude deixar de ficar

  im pressionada.

  — Onde vam os trabalhar? — perguntou ele.

  Percebi subitam ente que eu o estava encarando e desviei o olhar.

  — Ah — falei casualm ente. — Hum … no m eu quarto? Tudo bem ? — Meu

  Deus, espero que ele não pense que sou uma louca perseguidora por ficar olhando

  para ele dessa maneira.

  — Se não incom odar você — disse Toby.

  — Não, tudo bem . Venha.

  Ele m e seguiu escada acim a. Quando chegam os ao m eu quarto, abri um a

  fresta da porta, conferindo rapidam ente se havia itens em baraçosos (sutiãs,

  calcinhas etc.) j ogados no chão. Claro que a barra estava lim pa — e, rezando

  para que eu não tivesse sido m uito óbvia, abri bem a porta e fiz um gesto para

  Toby entrar.

  — Desculpe por estar um pouco bagunçado — falei, olhando para a pilha de

  roupas lim pas m as não dobradas que sem pre ficavam no chão, aos pés da m inha

  cam a, e tentando não pensar na últim a vez em que tive um garoto em m eu

  quarto e em com o ele tinha rido da m inha arrum ação neurótica de roupas.

  O que Toby pensaria daquilo?

  — Tudo bem . — Toby m oveu um a pilha de livros vencidos da biblioteca da

  m inha cadeira e a colocou sobre a m esa. Depois ele se sentou. — Tem os

  dezessete anos. Supostam ente nossos quartos devem ser bagunçados. Não seria

  natural se eles não fossem .

  — Acho que não. — Subi na m inha cam a e m e sentei com as pernas

  cruzadas. — Só não queria que isso incom odasse você.

  — Nada a seu respeito m e incom oda, Bianca.

  Usei todas as m inhas forças para ignorar o quanto aquilo pareceu piegas.

  Sorri, de qualquer form a, e baixei os olhos para o m eu edredom roxo.

  Nunca tinha recebido tantos elogios de um a única pessoa e não era m uito boa em

  aceitá-los. Em grande parte, porque eu sem pre estive ocupada dem ais fazendo

  piada de com o pareciam sentim entais. Mas eu estava trabalhando naquilo.

  E, verdade sej a dita, estava m eio que enrubescida.

  Eu nem m esm o percebi que Toby tinha se m exido até que ele se sentou ao

  m eu lado.

  — Desculpa — disse ele. — Eu deixei você envergonhada?

  — Não… bem , sim , m as de um j eito bom .

  — Contanto que sej a de um j eito bom .

  Ele se inclinou e m e beij ou no rosto, m as eu não deixei que ele parasse.

  Virei a cabeça e com prim i os lábios contra os dele, bem quando Toby com eçava

  a se afastar. Não foi tão suave quanto esperei. Quero dizer, os óculos dele m eio

  que m e nocautearam no rosto por um segundo, m as fingi que não tinha

  percebido.

  Seus lábios eram tão m acios que fiquei im aginando se ele usava brilho

  labial. Sério, ninguém tem lábios tão perfeitos naturalm ente, certo? Ele deve ter

  ficado com noj o dos m eus, que provavelm ente lhe deram a sensação de estarem

  ásperos e escam osos.

  Mas, se ele ficou com asco, não dem onstrou. Sua m ão acariciou m eu braço

  e pousou em m eu om bro, m e puxando um pouquinho m ais para perto. Ficam os

  sentados ali na m inha cam a e nos beij am os po
r alguns m inutos, porém o som do

  m eu celular interrom peu o m om ento. Merda!

  E, é claro, era o m esm o toque da Britney Spears — o único que eu não

  queria ouvir naquele exato m om ento — que parecia gritar com igo. Toby se

  afastou e olhou para o chão, onde eu tinha deixado m inha bolsa. Quando não m e

  m exi, ele se virou para m im com as sobrancelhas erguidas.

  — Ignorando alguém ? — perguntou ele.

  — Aham .

  — Tem certeza de que não precisa atender?

  — Tenho, sim .

  Antes de ele perguntar m ais algum a coisa, eu o beij ei novam ente. Com

  força dessa vez. E, em bora tenha hesitado por um instante, ele correspondeu. Eu

  m e atrapalhei para tirar seus óculos e os coloquei sobre a m esa de cabeceira ao

  lado da m inha cam a antes de nossos braços se entrelaçarem , e o beij o foi se

  aprofundando.

  Eu o puxei sobre m eus travesseiros. Não havia espaço suficiente para nós

  dois em m inha cam a de solteiro, então ele teve de deitar parcialm ente sobre

  m im . Um a de suas m ãos estava no m eu cabelo, e a outra descansava perto do

  m eu cotovelo.

  Ele não estava tentando agarrar m eu peito, não deslizou a m ão por dentro da

  m inha cam iseta, tam pouco tentou abrir m eu j eans.

  Na verdade, Toby não tentou nada arriscado. Tive a sensação de que eu ia

  precisar fazer todos os grandes lances, com o abrir os botões da cam isa dele, o

  que eu fiz.

  Por um instante, m e perguntei se ele estava hesitante por m inha causa.

  Porque eu era um a Duff. Porque ele não m e achava realm ente atraente. A

  despeito de todos os elogios que m e fez, não parecia que ele m e queria. Não do

  j eito que Wesley quis.

  Não. Eu sabia que aquilo não estava certo. Não era que Toby não quisesse as

  grandes coisas — ele era um adolescente, afinal de contas —, m as era um

  cavalheiro. Um garoto paciente e respeitoso que não queria extrapolar nenhum

  lim ite. E nós só estávam os nam orando havia alguns dias.

  Aquilo fazia de m im um a vadia? O fato de que nós só estávam os nam orando

  há, tipo, quatro dias e eu j á estava rolando com ele em m inha cam a m inúscula?

  Será que m eu caso com Wesley tinha distorcido totalm ente m inha percepção

  sobre o sexo?

  Ou todas as garotas faziam assim ?

  Vikki tinha dorm ido com a m aioria de seus nam orados no prim eiro encontro.

 

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