Duff

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by Kody Keplinger


  am assos com Jake no fundo de um cinem a um encontro.

  Eu não considerava.

  Mas por quê? Por que Toby ia querer sair comigo? Eu era um a Duff. Duffs

  não têm encontros. Não os verdadeiros. E ainda assim ali estava Toby, contra

  todas as probabilidades. Talvez ele fosse um hom em m elhor do que a m aioria.

  Exatam ente com o eu sem pre im aginara nos m eus sonhos de garota estúpida,

  infantil e com um . Ele não era vazio. Não era orgulhoso. Não era convencido

  nem vaidoso. Um perfeito cavalheiro.

  — Isso é bom — disse ele. — Nesse caso… — Eu podia dizer que ele estava

  nervoso. Seu rosto estava enrubescendo, e ele olhava fixam ente para os sapatos e

  brincava com os óculos. — Sexta-feira? Você gostaria de sair com igo na sexta-

  feira à noite?

  — Eu gostaria…

  Então o inevitável aconteceu. Pensei no im becil. No babaca. No pegador. Na

  única pessoa que poderia estragar esse m om ento. Sim , eu tinha um a queda por

  Toby Tucker. Com o não poderia ter? Ele era doce, e charm oso, e esperto… Mas

  m eus sentim entos por Wesley iam m uito além disso. Eu saí da paixonite da

  piscina de bolinhas direto para o profundo oceano das em oções, infestado de

  tubarões. E, se você m e perdoar a m etáfora dram ática, eu era um a péssim a

  nadadora.

  Mas Casey tinha m e dito para seguir em frente, e ali estava Toby, m e

  j ogando um a boia e se oferecendo para m e salvar do afogam ento. Eu seria

  estúpida se não aceitasse. Só Deus sabia quanto tem po poderia levar antes de

  outro resgate aparecer.

  E, puxa, Toby era adorável.

  — Eu gostaria m uito — respondi, esperando que m inha pausa não o tivesse

  assustado dem ais.

  — Ótim o. — Ele soou aliviado. — Pego você às sete na sexta-feira.

  — Legal.

  Nós nos separam os no refeitório, e acho que eu saltitei — sim , saltitei, com o

  um a criancinha — até a m esa do alm oço, m eu m au hum or tinha sido totalm ente

  esquecido.

  E ele perm aneceu esquecido.

  Pelo resto daquela sem ana, não pensei em com o não devia estar pensando

  em Wesley. Não pensei em Wesley, de m odo algum . Nenhum a vez. Meu cérebro

  estava m uito cheio de pensam entos do tipo Que roupa devo vestir? , e devo

  arrumar meu cabelo? Todas as coisas com as quais nunca tinha m e preocupado.

  Olha, que coisa surreal!

  Mas aquelas eram as coisas em que Casey e Jessica eram experts, então

  elas vieram com igo para casa na sexta-feira à tarde, ansiosas para m e

  transform ar em um a Barbie gigante. Se eu não estivesse tão nervosa por causa

  do encontro, teria ficado horrorizada por ver m inhas convicções fem inistas sendo

  atacadas por todo aquele em bonecam ento e pela anim ação delas.

  As m eninas m e obrigaram a experim entar, tipo, vinte produções diferentes

  (odiei todas) antes de se decidirem por um a. Dei piruetas em um a saia preta na

  altura do j oelho e num a blusa turquesa, que revelava o suficiente para que se

  adivinhasse a curva dos m eus seios pequenos. Depois elas passaram o resto do

  tem po usando um a chapinha no m eu cabelo cacheado. Levou duas horas — e, a

  propósito, não estou exagerando — para alisá-lo com pletam ente.

  Já eram 18h50 quando m inhas am igas m e posicionaram na frente do

  espelho para exam inar o trabalho delas.

  — Perfeita — anunciou Casey.

  — Fofa! — concordou Jessica.

  — Está vendo, B — disse Casey. — Toda aquela bobagem de Duff é

  ridícula. Você está supergostosa agora.

  — Que… ahn, que negócio de Duff é esse? — perguntou Jessica.

  — Não é nada — falei.

  — B acha que ela é a feia do grupo.

  — O quê? — gritou Jessica. — Bianca, você realm ente acha isso?

  — É bobagem .

  — Ela acha — disse Casey. — Ela m e disse.

  — Mas você não é, Bianca! — insistiu Jessica. — Com o pôde pensar isso?

  — Jessica, não se preocupe com isso — falei. — Não é nada…

  — Eu sei — disse Casey. — Não é um a coisa estúpida? Ela não é gostosa,

  Jess?

  — Ela é supergostosa.

  — Viu, B. Você é supergostosa.

  Suspirei.

  — Obrigada, m eninas. — Hora de m udar de assunto. — Então, hum , com o

  vocês vão pra casa? Não posso levar vocês, j á que Toby vai m e apanhar em dez

  m inutos. Seus pais vêm buscá-las?

  — Ah, não — disse Jessica. — Não vam os em bora.

  — O quê?

  — Vam os estar aqui quando você voltar do seu encontro — inform ou Casey.

  — Então vam os ter um a superfesta do pij am a pra contar tudo, em hom enagem

  ao prim eiro grande encontro da nossa B.

  — Siiiiiiim ! — cantarolou Jessica.

  Olhei para elas com cara de tonta.

  — Vocês não estão falando sério.

  — A gente parece estar brincando? — perguntou Casey.

  — Mas o que vocês vão fazer enquanto eu estiver fora? Vocês não vão ficar

  entediadas ou algo assim ?

  — Você tem TV — relem brou Jessica.

  — E é tudo de que realm ente precisam os — disse Casey. — Nós j á falam os

  com seu pai. Você não tem opção.

  A cam painha tocou antes que eu pudesse continuar argum entando, e m inhas

  am igas praticam ente m e em purraram escada abaixo. Assim que chegam os à

  sala de estar, elas com eçaram a alisar m inha saia e a aj ustar a gola da m inha

  blusa, tentando m axim izar a quantidade de decote que eu m ostrava.

  — Você vai ter um encontro tão legal… — Casey suspirou feliz, aj eitando o

  cabelo atrás da m inha orelha. — Você vai superar o Wesley sem dem ora.

  Meu estôm ago se contraiu.

  — Shhh… Casey … — sussurou Jessica.

  Eu sabia que Casey contara a história toda para ela, m as Jess não tinha feito

  nenhum com entário a respeito, o que eu agradecia. Eu realm ente gostaria de

  m anter m inha m ente tão longe de Wesley quanto possível.

  Eu não falava com Wesley desde a m anhã em que deixara a casa dele. Ele

  tinha tentado falar com igo um a ou duas vezes depois da aula de inglês. Eu apenas

  o evitava, com eçando a conversar com Jessica ou com Casey e correndo para

  fora da sala de aula o m ais rápido possível.

  — Ai, m eu Deus, m e desculpe! — disse Casey, m ordendo os lábios. — Eu

  não pensei… — Ela pigarreou de um j eito estranho e coçou a cabeça,

  bagunçando o cabelo curto.

  — Divirta-se! — disse Jessica, dissipando o clim a desagradável. — Mas,

  você sabe, não se divirta demais. Meus pais podem não gostar tanto de você se eu

  precisar pagar sua fiança na cadeia.

  Eu ri. Só Jessica poderia nos salvar desses m om entos constrangedores com

  tanta graça e anim ação.

  Olhei para Casey e pude ver um a faísca de m edo em seu olhar. Ela queria

  que eu seguisse em frente depois de Wesley, porém eu sabia que ela estava

  preocupada. Preocupada que eu a deixasse de lado novam ente. Preocupada que

  Toby a substituísse.

  Mas ela não tinha nada com que se preocupar. Isso era totalm ente diferente

  do m eu relacionam ento com Wesley. Eu não estava m ais fugindo. Não d
a

  realidade. Não das m inhas am igas. Não de coisa algum a.

  Sorri para tranquilizá-la.

  — Vai! Vai! — Jessica esganiçou, seu rabo de cavalo loiro balançando

  enquanto dava pulinhos excitados.

  — Isso! — disse Casey, sorrindo de volta para m im . — Não deixe o garoto

  esperando.

  Elas m e em purraram até a porta e desapareceram escada acim a em um a

  nuvem de risadas e cochichos.

  — Loucas — resm unguei, balançando a cabeça e lutando contra um

  sorrisinho.

  Respirei fundo e abri a porta.

  — Ei, Toby.

  Ele estava parado na m inha varanda, fofo com o sem pre, em um blazer

  azul-m arinho e um a calça cáqui. Ele parecia um Kennedy. Com seu corte de

  cabelo tigelinha. Toby m e deu um grande sorriso que deixou à m ostra todos os

  seus dentes de m arfim .

  — Oi — respondeu ele, adiantando-se para ficar bem na m inha frente. Ele

  tinha esperado por m im apoiado no batente. — Foi m al. Decidi esperar. Ouvi

  risadinhas.

  — Ah. — Olhei por cim a do om bro. — Sim . Desculpa por aquilo.

  — Uau. Você está linda, Bianca!

  — Não, não estou — falei, totalm ente envergonhada. Nenhum cara, a não

  ser m eu pai, j am ais tinha dito um a coisa assim para m im .

  — É claro que está — disse ele. — Por que eu m entiria?

  — Não sei. — Ah, uau, eu era um a tonta. Por que não podia sim plesm ente

  aceitar um elogio? E se eu o afugentasse antes m esm o de com eçarm os o

  encontro? Nossa, isso seria um a droga. Lim pei a garganta e tentei fingir que não

  estava secretam ente com vontade de m e estapear.

  — Então, estam os prontos pra ir? — perguntou Toby.

  — Sim .

  Saí de casa e fechei a porta atrás de m im . Toby pegou m eu braço e m e

  conduziu pela calçada até seu Taurus prateado. Ele até abriu a porta do

  passageiro para m im , com o os m eninos fazem naqueles film es antigos. Muito

  educado. Eu não podia deixar de pensar, de novo, por que no m undo um cara

  com o ele estaria interessado em m im . Ele enfiou a chave na ignição e se virou

  para m e dar outro sorriso. O sorriso dele era, definitivam ente, seu m elhor

  atributo. Então sorri de volta, sentindo pequenas borboletas voando dentro do m eu

  estôm ago.

  — Espero que você estej a com fom e — disse ele.

  — Fam inta — m enti, sabendo que estava nervosa dem ais para com er.

  Na hora em que saím os do Giovanni’s, um pequeno restaurante italiano em Oak

  Hill, eu j á estava um pouquinho m ais à vontade. Meus nervos estavam se

  assentando, e até havia conseguido com er um a tigela pequena de espaguete ao

  m olho sugo. Estávam os rindo e conversando, e eu estava m e divertindo tanto que

  não queria que o encontro acabasse quando Toby pagou a conta. Para a m inha

  sorte, pois ele se sentia da m esm a m aneira.

  — Sabe — disse ele enquanto os sininhos da porta ressoaram atrás de nós. —

  São apenas nove e m eia. Eu não tenho de levar você pra casa ainda… a m enos

  que você queira ir, e nesse caso, tudo bem , claro.

  — Não — falei. — Não estou com pressa de voltar pra casa. Mas o que

  você quer fazer?

  — Bem , podem os cam inhar — sugeriu Toby. Ele gesticulou para a calçada

  que corria ao lado da rua m ovim entada. — Não é m uito em polgante, m as

  podem os olhar as vitrines, ou conversar, ou…

  Eu sorri para ele.

  — Andar parece divertido.

  — Que ótim o.

  Ele m e deu o braço, e com eçam os a cam inhar pela calçada bem ilum inada.

  Passam os por algum as loj as pequenas antes de um de nós falar. Graças a Deus,

  Toby abriu a boca prim eiro porque, em bora eu não estivesse m ais tão nervosa

  quanto antes, não tinha a m enor ideia do que poderia dizer para não soar com o

  um a com pleta idiota.

  — Bem , j á que você sabe tudo sobre m inha situação na faculdade, quero

  saber sobre a sua. Você j á se candidatou para algum lugar? — perguntou ele.

  — Sim . Já m e candidatei a duas, m ais ou m enos, m as ainda não escolhi.

  Acho que estou m eio que procrastinando.

  — Você sabe em que quer se graduar?

  — Provavelm ente em j ornalism o — falei. — Mas… não sei. Sem pre quis

  ser repórter do New York Times. Então m e candidatei a algum as universidades em

  Manhattan.

  — A Grande Maçã — disse ele, concordando. — Am biciosa.

  — Sim , bem , m e im agino term inando com o aquela garota em O diabo veste

  Prada — falei. — Um a perdedora trabalhando em algum a revista de m oda

  estúpida quando tudo o que eu realm ente quero fazer é escrever sobre eventos

  m undiais ou entrevistar congressistas revolucionários… com o você será.

  Ele m e lançou um olhar.

  — Ah, você não seria um a perdedora.

  — Que sej a. — Eu ri. — Você consegue m e im aginar escrevendo sobre

  m oda? Um setor no qual um a pessoa que usa tam anho 40 é considerada gorda?

  De j eito nenhum . Eu acabaria m e suicidando.

  — Algo m e diz que você seria boa em qualquer coisa que tentasse —

  arriscou ele.

  — Algo m e diz que você está m e baj ulando um pouquinho, Toby.

  Ele deu de om bros.

  — Talvez, m as não dem ais. Você é bem boa, Bianca. Você fala de um j eito

  sincero, não parece tem er ser você m esm a, e é dem ocrata. Para m im , isso torna

  você incrível.

  Então eu corei. Alguém pode m e j ulgar?

  — Obrigada, Toby.

  — Não há nada pelo que m e agradecer.

  Uau. Toby era perfeito ou o quê? Fofo, educado, engraçado… e ele gostava

  de m im , por algum a razão desconhecida. Era com o se tivéssem os sido feitos um

  para o outro. Com o se ele tivesse a peça do quebra-cabeça que se encaixava na

  m inha. Será que eu poderia ser m ais sortuda?

  Um a brisa fria de m arço estava soprando, e com ecei a m e arrepender de

  ter deixado Casey e Jessica m e vestirem . Elas nunca tinham sido sensíveis às

  estações quando o assunto era roupa. Minhas pernas nuas estavam congelando

  (elas não tinham m e deixado usar m eia-calça), e o tecido fino da m inha blusa

  definitivam ente não m e protegia do vento. Trem i e cruzei os braços em torno de

  m im m esm a em um esforço para m e aquecer.

  — Ah, tom e — disse Toby. Ele tirou o blazer, bem com o dizem que os

  garotos deveriam fazer, e o segurou para que eu o vestisse. — Você deveria ter

  m e dito que estava com frio.

  — Estou bem .

  — Não sej a boba. — Ele m e aj udou a vestir as m angas. — Honestam ente,

  eu preferiria não nam orar um picolé.

  Namorar? Quero dizer, este era um encontro, m as estávam os namorando

  agora? Eu nunca tinha nam orado ninguém , então não estava realm ente certa. De

  qualquer form a, ouvi-lo dizer aquilo m e deixou m uito feliz… e estranham ente

  nervosa ao m esm o tem po.

  Toby m e virou de frente para ele e arrum ou o blazer em volta de m eu

  pescoço e dos m eus om bros.

  — Obrigada — m urm urei.

  Estávam os na frente de um a velha loj a de antiguidades. Suas vitrines

  estavam ilum inadas pelas l
uzes de lum inárias extravagantes e antiquadas, com o

  aquelas da sala do m eu avô. O brilho se espalhava pelo rosto anguloso de Toby,

  fazendo a arm ação de seus óculos reluzir e destacando seus olhos am endoados…

  que estavam fixos em m im .

  Seus dedos ainda estavam pousados na gola do blazer. Então sua m ão

  deslizou do m eu om bro para m eu m axilar. Seu polegar passou pelo m eu rosto,

  indo e vindo, vez após vez. Ele se inclinou em m inha direção vagarosam ente, m e

  dando tem po suficiente para im pedi-lo se eu quisesse. Sim , até parece! Com o se

  eu sonhasse em fazer um a coisa dessas...

  E ele m e beij ou. Não foi um beij o ousado, m as tam bém não foi só um

  selinho. Foi um beij o de verdade. Gentil e doce e longo. O tipo de beij o que eu

  queria com partilhar com Toby Tucker desde que tinha quinze anos, e foi

  exatam ente o que sem pre im aginei que seria. Os lábios dele eram m acios e

  quentes, e o j eito com o eles se m overam contra os m eus fez as borboletas na

  m inha barriga esvoaçarem furiosas.

  Certo. Eu sei, eu sei. Acho um pavor quando casais de nam orados ficam se

  agarrando em público, m as nossa. Eu estava distraída dem ais para m e im portar

  com quem quer que estivesse nos observando. Então, sim , eu pus m inhas

  convicções de lado por um segundo e j oguei m eus braços em volta do pescoço

  dele. Quero dizer, eu podia voltar para m inha cruzada contra am assos em público

  pela m anhã.

  Eu m e esgueirei para dentro de casa às onze naquela noite e encontrei papai

  esperando por m im no sofá. Ele sorriu e colocou a TV no m udo.

  — Ei, Abelhinha.

  — Oi, papai. — Fechei e tranquei a porta da frente. — Com o foi sua reunião

  do AA?

  — Estranha — adm itiu papai. — É estranho estar de volta… m as vou m e

  acostum ar. E você? Com o foi seu encontro?

  — Incrível. — Suspirei. Meu Deus, eu não conseguia parar de sorrir. Papai

  provavelm ente ia pensar que eu tinha passado por um a lobotom ia ou algo assim .

  — Isso é bom — disse papai. — Me diga novam ente, com quem foi que

  você saiu? Desculpe. Não consigo m e lem brar do nom e dele.

  — Toby Tucker.

  — Tucker? — repetiu papai. — Você está falando do filho de Chaz Tucker?

  Ah, isso é ótim o, Abelhinha. Chaz é um bom hom em . Ele é o diretor de

  tecnologia de um a em presa no centro e sem pre vem à loj a. Fam ília m aravilhosa.

 

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