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O Grande Gatsby (Penguin)

Page 13

by F. Scott Fitzgerald


  No outono seguinte, ela estava novamente alegre, mais do que nunca. Ganhou uma festa de debutante após o armistício, e em fevereiro estava supostamente noiva de um sujeito de New Orleans. Em junho, casou-se com Tom Buchanan, de Chicago, com tal pompa e circunstância como jamais se vira em Louisville. Ele veio acompanhado de uns cem convidados em quatro veículos privativos, alugou um andar inteiro do hotel Muhlbachg e, na véspera da cerimônia, presenteou-a com um colar de pérolas avaliado em trezentos e cinquenta mil dólares.

  Eu fui dama de honra. Entrei no quarto de Daisy meia hora antes do jantar de noivado e a encontrei deitada na cama com seu vestido florido, tão bela quanto as noites de junho. E tão bêbada quanto um gambá. Tinha uma garrafa de Sauterne numa mão e uma carta na outra.

  — Me dê os parabéns — ela resmungou. — Eu nunca tinha ficado bêbada antes, mas, nossa, como é bom.

  — O que houve, Daisy? — Eu estava verdadeiramente assustada; nunca tinha visto uma garota naquele estado.

  — Aqui, querida. — Ela vasculhou a lixeira ao lado da cama e sacou de dentro um colar de pérolas. — Leve isto aqui lá embaixo e devolva a quem quer que seja o dono. Diga a todo mundo que Daisy mudou de ideia. Diga assim: “A Daisy mudou de ideia!”.

  Ela se pôs a chorar, e chorou e chorou. Eu saí às pressas e topei com a criada da mãe de Daisy, que me ajudou a trancar a porta e dar-lhe um banho frio. Ela não queria largar a carta. Levara consigo à banheira e a espremera até virar uma bola encharcada, só me permitindo deixá-la sobre a saboneteira quando notou que o papel estava se desfazendo como flocos de neve.

  Ela não disse mais uma palavra. Nós lhe demos amônia para cheirar, botamos gelo em sua testa e a enfiamos de volta no vestido, de modo que, meia hora depois, quando saímos do quarto, as pérolas estavam de novo em seu pescoço e o incidente ficara para trás. No dia seguinte, às cinco da tarde, ela se casou com Tom Buchanan sem ao menos pestanejar, e partiu para uma viagem de três meses pelos Mares do Sul.

  Topei com eles em Santa Barbara após a lua de mel, e acho que nunca vi uma garota tão louca pelo marido. Quando ele saía da sala por um minuto, ela olhava ao redor com apreensão e perguntava: “Cadê o Tom?”, revestindo-se de uma expressão completamente distraída até vê-lo retornando. Ela se deitava na areia com a cabeça pousada no colo de Tom, acariciando seu rosto e o observando com um prazer insondável. Era tocante vê-los juntos — aquilo me fazia rir de um jeito contido e fascinado. Isso foi em agosto. Uma semana depois que eu deixei Santa Barbara, Tom bateu numa caminhonete na estrada de Ventura e perdeu uma das rodas dianteiras do carro. A garota que estava com ele também saiu nos jornais, pois havia quebrado o braço — era uma das camareiras do Santa Barbara Hotel.

  Em abril, Daisy teve uma filha e eles foram morar na França por um ano. Encontrei-os numa primavera em Cannes e depois em Deauville, e então eles voltaram a Chicago com a intenção de se estabelecer por lá. Daisy era popular em Chicago, como você sabe. Eles andavam com uma turma leviana, todos jovens, ricos e loucos, mas ela saiu de lá com a reputação absolutamente irretocável. Talvez porque não bebesse. É uma grande vantagem não beber quando se está entre pessoas que exageram na dose. Você consegue refrear a língua e, melhor ainda, programar qualquer pequena transgressão sua para o momento exato em que todos estão alterados demais para reparar ou dar importância. Talvez Daisy nunca tivesse traído Tom — e, ainda assim, havia algo em sua voz…

  Bem, há mais ou menos umas seis semanas ela ouviu o nome Gatsby pela primeira vez em anos. Foi quando lhe perguntei — lembra? — se você conhecia o Gatsby que morava em West Egg. Depois que você saiu, ela foi ao meu quarto, me acordou e perguntou: “Que Gatsby?”, e, quando o descrevi, sonolenta, ela anunciou com a voz mais estranha do mundo que deveria ser o mesmo homem que ela conhecera. Só então relacionei esse Gatsby com o oficial sentado no conversível de Daisy.

  Quando Jordan Baker terminou de me contar essa história, já havíamos deixado o Plaza fazia meia hora e estávamos passeando numa carruagem pelo Central Park. O sol havia se posto por trás dos imponentes edifícios onde viviam as celebridades do cinema na área das West Fifties, e as límpidas vozes das crianças, que já se agrupavam feito grilos na grama, se erguiam através do cálido crepúsculo:

  Eu sou o sheik da Arábia.

  O seu amor me pertence.

  À noite, quando você estiver dormindo,

  Vou me esgueirar no seu quarto…h

  — Que coincidência esquisita — eu disse.

  — Não foi coincidência nenhuma.

  — Como assim?

  — Gatsby comprou aquela casa pois sabia que Daisy estava do outro lado da baía.

  Então não eram só as estrelas que ele cobiçara naquela noite de junho. Ele se revelara totalmente para mim, saído de repente do útero de seu esplendor despropositado.

  — Gatsby quer saber — prosseguiu Jordan — se você convidaria Daisy para jantar em sua casa e o deixaria dar uma passada por lá.

  A simplicidade do pedido me comoveu. Ele havia esperado cinco anos e comprado uma mansão onde partilhava a luz das estrelas com mariposas ocasionais — tudo para poder, um dia, dar uma passada no quintal de um estranho.

  — E eu precisava saber de tudo isso para um favor tão pequeno?

  — Ele está com medo porque esperou demais. Pensou que você pudesse ficar ofendido. Você vê, no fundo ele não é tão durão.

  Alguma coisa me incomodava.

  — Por que não pediu para você promover o encontro?

  — Ele quer que Daisy veja a mansão — ela explicou. — E a sua casa é bem ao lado.

  — Ah!

  — Acho que ele esperava vê-la numa de suas festas, em alguma noite — prosseguiu Jordan —, mas ela nunca apareceu. Então ele passou a perguntar casualmente às outras pessoas se alguém a conhecia, e eu fui a primeira que ele encontrou. Foi naquela noite em que ele me mandou chamar no baile, e você precisa ver o quanto ele me enrolou até ir direto ao ponto. É claro que eu sugeri de imediato um almoço em Nova York, e achei que ele enlouqueceria de vez: “Não quero ir longe demais!”, ele repetia. “Quero vê-la o mais próximo de casa.”

  — Quando eu disse que você era amigo íntimo de Tom, ele quase desistiu. Não sabia muita coisa a respeito de Tom, embora tenha assinado um jornal de Chicago por vários anos só pela chance de poder topar com o nome de Daisy.

  Já havia escurecido e, ao passarmos por baixo de uma pequena ponte, pousei meu braço sobre o ombro dourado de Jordan, puxei-a em minha direção e a convidei para jantar. De repente, eu não estava mais pensando em Daisy e Gatsby, mas naquela moça clara, forte e determinada, que tinha de lidar com um ceticismo universal e que se alojava confortavelmente no círculo dos meus braços. Uma frase ressoou em meus ouvidos numa espécie de excitação impetuosa: “Existem apenas os perseguidos e os perseguidores, os ocupados e os fatigados”.

  — E Daisy precisa ter alguma coisa na vida — murmurou Jordan para mim.

  — Ela quer se encontrar com Gatsby?

  — Não é para ela ficar sabendo. Gatsby não quer que ela saiba. Você só tem que convidá-la para tomar chá.

  Passamos por uma barreira de árvores escuras e depois pela fachada da rua 59, um quarteirão de luzes pálidas e delicadas que se refletiam através do parque. Ao contrário de Gatsby e de Tom Buchanan, eu não tinha nenhuma garota dos sonhos para projetar em todas as cornijas e letreiros luminosos, então puxei a garota ao meu lado, apertando-a em meus braços. Sua boca exausta e desdenhosa arriscou um sorriso, então puxei-a novamente, dessa vez para junto do meu rosto.

  a Calças curtas do início do século xx que geralmente passavam um pouco dos joelhos e eram utilizadas com meias longas.

  b Termo que designa bebida alcoólica adulterada ou de qualidade inferior.

  c Pátio central do Trinity College, em Oxford.

  d A ponte Queensboro atravessa o East River, ligando o distrito de Queens a Manhattan. Ela cruza a antiga ilha de Blackwell.

  e Localizada no East River, a ilha de Blackwell é hoje conh
ecida como Roosevelt Island. Lá houve uma penitenciária (1832-1935), um manicômio e inúmeros hospitais.

  f “Um licação nas necócios” e “Oggsford”, em vez de “uma ligação nos negócios” e “Oxford”, são tentativas de emular o sotaque judeu nova-iorquino.

  g Alusão ao hotel Seelbach, fundado em Louisville em 1905.

  h “Sheik of Araby”, canção de 1921 composta por Harry B. Smith e Francis Wheeler (letra) em parceria com Ted Snyder (melodia). Foi inspirada no filme O sheik (1921), com Rodolfo Valentino no papel principal. Tornou-se um standard popular de jazz e até os Beatles gravaram uma versão.

  5

  Naquela noite, ao voltar para West Egg, pensei por um instante que minha casa estava pegando fogo. Eram duas da madrugada e toda a borda da península ardia de luz, conferindo um ar de irrealidade ao bosque e lançando faíscas alongadas sobre os fios elétricos que margeavam a estrada. Virando a esquina, vi que a claridade vinha da casa de Gatsby, iluminada do porão ao teto.

  De início, pensei que se tratava de mais uma festa, ou de uma multidão enlouquecida que decidira brincar de “esconde-esconde” ou de “sardinha em lata”a com a casa inteira disponível. Mas não havia barulho. Só o vento nas árvores, que soprava os fios elétricos e fazia as luzes oscilarem repetidas vezes, como se a casa estivesse piscando para a escuridão. Enquanto meu táxi sumia de vista, Gatsby veio andando pelo gramado em minha direção.

  — A sua casa está parecendo a Feira Mundial — eu disse.

  — Você acha? — ele voltou os olhos para trás, distraído. — Estava dando uma arejada nos quartos. Vamos para Coney Island,1 meu velho. Com o meu carro.

  — Já está tarde.

  — Bem, e se a gente desse um mergulho na piscina? Passei o verão inteiro sem usá-la.

  — Preciso ir dormir.

  — Certo.

  Ele esperou, olhando-me com reprimida sofreguidão.

  — Falei com a senhorita Baker — eu disse, após um instante. — Vou ligar amanhã para Daisy e convidá-la para vir tomar um chá.

  — Muito bem — ele retrucou, descuidado. — Não quero incomodá-lo.

  — Que dia é melhor para você?

  — Que dia é melhor para você? — ele me corrigiu imediatamente. — Não quero incomodá-lo, você sabe.

  — Que tal depois de amanhã?

  Ele refletiu por um instante. E então, com relutância:

  — Preciso mandar cortar a grama.

  Ambos olhamos para o quintal: havia uma linha bem definida onde terminava o meu denso matagal e começava o jardim dele, mais escuro e bem cuidado. Presumi que ele estivesse se referindo ao meu espaço.

  — E tem mais uma coisinha — ele disse de maneira incerta, e então hesitou.

  — Você prefere adiar para mais tarde? — perguntei.

  — Ah, não é isso. Quer dizer… — Ele foi tateando diversas formas de iniciar a frase. — É que, eu fico pensando… veja bem, meu velho, você não ganha muito dinheiro, não é?

  — Não muito.

  Aquilo pareceu encorajá-lo e ele prosseguiu com mais segurança.

  — Foi o que imaginei, se me perdoa a… Você sabe, eu gerencio um pequeno negócio nas horas vagas, uma espécie de bico, entende? E pensei que, se você ganha pouco… você vende títulos, não é, meu velho?

  — Estou tentando.

  — Bem, isso pode interessá-lo. Não tomaria muito do seu tempo e você poderia fazer um bom dinheiro. Acontece que é uma coisa meio confidencial.

  Hoje percebo que, em outras circunstâncias, essa conversa poderia ter sido um ponto de virada em minha vida. Porém, como se tratava de uma oferta óbvia e grosseiramente ligada a um serviço a ser prestado, não tive saída senão refutá-la ali mesmo.

  — Estou ocupado demais — respondi. — Fico muito agradecido, mas não posso me comprometer com outros trabalhos.

  — Você não teria que fazer nenhum negócio com o Wolfshiem. — Evidentemente ele achava que eu estava me esquivando da tal “licação nas necócios” mencionada no almoço, mas lhe garanti que não era o caso. Ele aguardou mais um instante, na esperança de que eu puxasse conversa, mas eu estava absorto demais para reagir, de modo que ele voltou desanimadamente para casa.

  Aquela noite me deixara tonto e feliz; devo ter caído num sono profundo assim que entrei em casa. Dessa forma, não sei se Gatsby foi ou não a Coney Island, ou por quantas horas ele continuou “dando uma arejada” nos quartos enquanto sua casa resplandecia ostensivamente. Na manhã seguinte, telefonei para Daisy do escritório e convidei-a para tomar um chá em casa.

  — Não traga o Tom — avisei.

  — O quê?

  — Não traga o Tom.

  — Quem é “Tom”? — ela perguntou inocentemente.

  No dia combinado, caía uma chuva torrencial. Às onze da manhã, um homem de capa de chuva arrastando um cortador de grama bateu à minha porta e disse que o sr. Gatsby o havia mandado aparar a grama. Percebi então que esquecera de chamar a empregada finlandesa para servir o chá, então fui ao centro de West Egg para procurá-la entre as encharcadas vielas caiadas e comprar algumas xícaras, limões e flores.

  As flores eram desnecessárias, pois às duas da tarde Gatsby me mandou uma verdadeira estufa com infinitos vasos. Uma hora depois, a porta se abriu nervosamente e Gatsby irrompeu em minha casa, metido num terno branco de flanela, camisa prateada e gravata dourada. Ele estava pálido e havia marcas escuras de insônia debaixo de seus olhos.

  — Está tudo em ordem? — ele perguntou de imediato.

  — A grama ficou boa, se é o que você quer saber.

  — Que grama? — ele indagou, com o olhar vazio. — Ah, a grama do jardim.

  Ele olhou pela janela mas, a julgar por sua expressão, não acho que tenha visto coisa alguma.

  — Ficou ótimo — ele observou vagamente. — Li no jornal que a chuva deve dar trégua lá pelas quatro horas. Acho que foi no The Journal.2 Você tem tudo o que precisa em termos de… em termos de chá?

  Conduzi-o até a despensa, onde encarou minha finlandesa com ar de reprovação. Juntos examinamos os doze bolinhos de limão da confeitaria.

  — Acha que são suficientes? — perguntei.

  — É claro, claro! Estão ótimos… — ele acrescentou, de forma vazia —, meu velho.

  A chuva amainou por volta das três e meia e converteu-se em uma névoa úmida, através da qual magras gotas caíam feito orvalho. Gatsby folheou com o olhar perdido um volume da Economia, de Clay,3 sobressaltando-se com os passos da finlandesa que faziam tremer o chão da cozinha e espiando ocasionalmente através das janelas embaçadas, como se uma série de acontecimentos invisíveis, porém alarmantes, estivesse em curso lá fora. Por fim, ele se levantou e anunciou, numa voz hesitante, que estava indo embora.

  — Mas por quê?

  — Ninguém vai aparecer para o chá. Já está tarde! — Ele consultou o relógio como se tivesse um compromisso urgente em qualquer lugar. — Não posso esperar o dia todo.

  — Não seja bobo, faltam só dois minutos para as quatro.

  Ele sentou com ar de infelicidade, como se o tivessem empurrado, e naquele momento ouvimos um som de motor dobrando a esquina. Ambos nos levantamos e, um tanto angustiado, saí para o quintal.

  Sob as gotejantes e desnudas árvores de lilases, um carro avançava pela entrada. Parou. O rosto de Daisy, inclinado sob um chapéu de três pontas cor de lavanda, ergueu-se para mim com um sorriso alegre e arrebatador.

  — É aqui mesmo que você mora, meu querido? Tem certeza aboluta?

  A reverberação excitante de sua voz caiu como um tônico em meio a toda aquela chuva. Por um instante, tive que seguir unicamente seu som, de cima a baixo, só com os ouvidos, antes de poder distinguir as palavras. Uma mecha de cabelo úmido caía sobre seu queixo como um borrifo de tinta azul, e sua mão estava coberta de gotas translúcidas quando a ajudei a sair do carro.

  — Você está apaixonado por mim — ela sussurrou em meu ouvido —, ou por que me pediria que viesse sozinha?

  — É o segredo do cas
telo de Rackrent.4 Diga ao seu chofer para ir embora e voltar daqui a uma hora.

  — Volte daqui a uma hora, Ferdie. — Então, com um sussurro grave: — Seu nome é Ferdie.

  — E a gasolina, lhe afeta o nariz?

  — Acho que não — ela respondeu inocentemente. — Por quê?

  Entramos na casa. Para minha imensa surpresa, a sala estava vazia.

  — Bem, isso é engraçado — exclamei.

  — O que é engraçado?

  Ela se virou ao ouvir uma batida leve e respeitosa na porta da frente. Fui abrir. Gatsby, pálido feito a morte, as mãos afundadas nos bolsos do casaco, estava parado sobre uma poça d’água e olhava tragicamente no fundo dos meus olhos.

  Com as mãos ainda nos bolsos, ele passou reto por mim e seguiu para o vestíbulo, então se virou de repente como se estivesse na corda bamba e desapareceu na sala. Não era nem um pouco engraçado. Ciente das fortes batidas do meu coração, empurrei a porta em direção à chuva cada vez mais densa.

  Por meio minuto, não houve ruído algum. Então ouvi um murmúrio abafado e parte de uma risada, seguidos pela voz de Daisy em tom claramente artificial:

  — Que felicidade revê-lo!

  Uma pausa; ela durou uma eternidade. Eu não tinha o que fazer no vestíbulo, então fui até a sala.

  Gatsby, as mãos ainda nos bolsos, reclinava-se sobre o consolo da lareira numa atitude tensa e forçada de quem aparenta estar à vontade, quase entediado. Sua cabeça pendia para trás de tal forma que se apoiava num relógio quebrado sobre a lareira, e dessa posição ele encarava Daisy com os olhos agitados. Ela estava sentada, assustada porém graciosa, na ponta de uma cadeira dura.

  — Já nos conhecíamos — murmurou Gatsby. Seus olhos me fitaram por um instante e seus lábios se afastaram numa fracassada tentativa de rir. Por sorte, o relógio escolheu aquele segundo para oscilar perigosamente à pressão de sua cabeça, de modo que ele se virou e o apanhou com as mãos trêmulas, colocando-o de volta no lugar. Então se sentou rigidamente com o cotovelo no braço do sofá e o queixo apoiado na mão.

 

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