O Grande Gatsby (Penguin)

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O Grande Gatsby (Penguin) Page 19

by F. Scott Fitzgerald


  — Não, obrigado. Mas ficaria agradecido se você me chamasse um táxi. Vou esperar aqui fora.

  Jordan pousou a mão no meu braço:

  — Não quer entrar, Nick?

  — Não, obrigado.

  Eu estava me sentindo mal e queria ficar sozinho. Mas Jordan insistiu mais um pouco.

  — Ainda são nove e meia — ela disse.

  Eu não entraria naquela casa por nada neste mundo; já tivera o suficiente de todos eles por um dia, e de repente isso incluía Jordan também. Ela deve ter captado alguma coisa em minha expressão, pois virou-se abruptamente e galgou os degraus do pórtico em direção à casa. Fiquei sentado por uns minutos com as mãos na cabeça até ouvir o mordomo lá dentro pegar um telefone e chamar um táxi. Então atravessei devagar a entrada da casa, com a intenção de esperar no portão.

  Não andara nem vinte metros quando ouvi meu nome e Gatsby saiu de trás de dois arbustos. Àquela altura, eu devia estar bastante perturbado, pois só conseguia pensar na luminosidade de seu terno cor-de-rosa sob a luz da lua.

  — O que está fazendo? — perguntei.

  — Estou aqui parado, meu velho.

  Por algum motivo, pareceu-me uma ocupação abominável. De minha parte, ele poderia estar prestes a assaltar a casa; não ficaria surpreso se visse os rostos sinistros da “turma do Wolfshiem” atrás dele, em meio à densa folhagem.

  — Você viu alguma confusão na estrada? — ele perguntou após um minuto.

  — Vi.

  Gatsby hesitou.

  — Ela morreu?

  — Morreu.

  — Foi o que imaginei. Disse a Daisy que era o que eu achava. É melhor que o choque venha de uma só vez. Ela aguentou muito bem.

  Ele falava como se a reação de Daisy fosse a única coisa que importava.

  — Voltei a West Egg por uma estrada secundária — ele continuou — e deixei o carro na garagem. Acho que ninguém viu a gente, mas é claro que não posso ter certeza.

  Àquela altura, eu o odiava tanto que não julguei necessário dizer que ele estava errado.

  — Quem era a mulher? — ele perguntou.

  — Seu nome era Myrtle Wilson. O marido é o dono da oficina. Como diabos isso foi acontecer?

  — Bom, eu tentei virar o volante, mas… — Ele parou, e de súbito entendi a verdade.

  — Daisy estava dirigindo?

  — Estava — ele disse após um instante —, mas é claro que eu vou assumir a culpa. Veja bem, quando saímos de Nova York ela estava muito nervosa e achou que dirigir poderia acalmá-la. Então essa mulher veio correndo justo quando estávamos ultrapassando um carro vindo da outra direção. Foi tudo num piscar de olhos, mas tive a impressão de que ela queria falar com a gente, como se nos conhecesse. Bem, de início Daisy desviou da mulher em direção ao outro carro, mas então perdeu a coragem e virou de volta. No instante em que a minha mão tocou o volante, senti o impacto. Deve tê-la matado instantaneamente.

  — Rasgou-a pela metade…

  — Não me conte, meu velho. — Ele recuou. — Em todo caso, Daisy pisou no acelerador. Tentei fazê-la parar, mas ela não conseguiu, até que eu puxei o freio de mão. Então ela tombou no meu colo e eu peguei o volante.

  — Amanhã ela estará bem melhor — disse Gatsby logo em seguida. — Ficarei aqui esperando para ver se ele irá incomodá-la com aquela coisa desagradável de hoje à tarde. Ela se trancou no quarto e, se ele tentar alguma brutalidade, combinou de acender e apagar a luz várias vezes.

  — Ele não vai encostar nela — eu disse. — Não está com a cabeça nisso.

  — Não confio nele, meu velho.

  — Você vai ficar quanto tempo esperando?

  — A noite inteira, se for preciso. Em todo caso, até todos irem dormir.

  Então me ocorreu um novo pensamento. Suponhamos que Tom descobrisse que Daisy estava dirigindo. Ele poderia ver uma relação entre os fatos — podia imaginar qualquer coisa. Olhei para a casa; havia duas ou três janelas acesas no andar de baixo e a luz rosada do quarto de Daisy refletindo no térreo.

  — Não saia daqui — eu disse. — Vou ver se há algum sinal de tumulto.

  Caminhei de volta pela beira do gramado, percorrendo com cuidado o caminho de cascalho, e subi pé ante pé os degraus do alpendre. As cortinas da sala estavam abertas e vi que não havia ninguém no aposento. Atravessando o pórtico onde jantáramos naquela noite de junho três meses antes, aproximei-me de um pequeno retângulo de luz que julguei ser a janela da copa. A persiana estava fechada, mas descobri uma fenda no umbral.

  Daisy e Tom estavam sentados na mesa de jantar, com um prato de frango frito frio e duas garrafas de cerveja diante deles. Tom falava gravemente e, em toda a sua seriedade, pousou a mão sobre a dela. De vez em quando, ela erguia os olhos e meneava a cabeça em consentimento.

  Eles não estavam felizes, visto que ninguém chegou a encostar no frango ou na cerveja — mas também não pareciam infelizes. Havia um clima inequívoco de intimidade natural naquela cena, e qualquer um poderia jurar que estavam conspirando.

  Enquanto eu me afastava do pórtico na ponta dos pés, ouvi o táxi tatear seu caminho pela estrada escura em direção à casa. Gatsby estava esperando onde eu o deixara, na entrada.

  — Está tudo calmo? — ele perguntou, ansioso.

  — Está. — Eu hesitei. — Você devia ir para casa comigo e dormir um pouco.

  Ele fez que não com a cabeça.

  — Vou ficar esperando até Daisy ir deitar. Boa noite, meu velho.

  Ele meteu as mãos nos bolsos do casaco e retornou avidamente ao escrutínio da casa, como se minha presença profanasse a santidade de sua vigília. Então fui embora e o deixei parado à luz do luar — vigiando coisa alguma.

  a Personagem de Satyricon, de Petrônio. É um milionário que oferece um banquete em sua casa com todo tipo de iguarias exóticas.

  b No original, “mint julep”. Pode ser traduzido como “julepo”, bebida com uísque, açúcar, gelo e menta.

  8

  Passei a noite em claro; uma sirene de nevoeiro ressoou sem parar pelo estreito, e oscilei quase febril entre a realidade grotesca e pesadelos violentos e assustadores. Perto do amanhecer, ouvi um táxi encostando na entrada de Gatsby, ao que imediatamente saí da cama e fui me vestir — senti que precisava dizer-lhe alguma coisa, alertá-lo contra algo, e de manhã seria tarde demais.

  Ao cruzar o gramado, vi que a porta da frente de Gatsby ainda estava aberta e ele se escorava numa mesa do vestíbulo, prostrado de tristeza ou de sono.

  — Não houve nada — ele disse debilmente. — Fiquei esperando, e lá pelas quatro ela foi até a janela, ficou parada por um instante e então apagou a luz.

  Sua casa nunca me pareceu tão grande quanto naquela madrugada, quando passamos em revista todos os salões em busca de cigarros. Afastamos cortinas que eram como tendas, e tateamos inúmeros palmos de parede escura em busca de interruptores de luz — a certa altura, tropecei com estrondo e caí nas teclas de um piano fantasmagórico. Havia um inexplicável acúmulo de poeira por toda parte e os quartos estavam mofados, como se não tivessem sido arejados por um bom tempo. Sobre uma mesa desconhecida, achei uma caixa de charutos com dois cigarros velhos e secos.

  — Você devia partir — eu disse. — É quase certo que irão rastrear o seu carro.

  — Partir agora, meu velho?

  — Vá passar uma semana em Atlantic City ou Montreal.

  Ele nem sequer considerou a hipótese. Não podia abandonar Daisy até que soubesse o que ela pretendia fazer. Agarrava-se a uma última esperança e eu simplesmente não suportava o fardo de trazê-lo à razão.

  Foi naquela noite que ele me contou a estranha história de sua juventude com Dan Cody — e o fez porque “Jay Gatsby” havia se despedaçado feito vidro perante a dura malícia de Tom, e com isso a longa e secreta teatralidade se esgotara. Naquele momento, ele teria me confessado qualquer coisa sem reservas, mas queria mesmo era falar sobre Daisy.

  Ela foi a primeira garota “sofisticada” que Gatsby conheceu. Em diversas e obscuras
funções, ele havia tido contato com esse tipo de gente, mas sempre existia uma barreira invisível no meio. Daisy lhe parecia extraordinariamente desejável. Ele foi visitá-la, primeiro com outros oficiais de Camp Taylor, e mais tarde sozinho. Ficara impressionado com a casa — nunca havia estado num lugar tão bonito. Mas o que mais o impressionava era o fato de Daisy viver ali — e, para ela, aquilo era tão normal quanto a barraca do alojamento militar onde ele morava. A casa tinha um perfeito ar de mistério, uma insinuação de que havia quartos no andar de cima mais belos e sofisticados do que os outros, de atividades alegres e radiantes acontecendo em seus corredores, e de romances nada bolorentos ou com cheiro de naftalina, mas, pelo contrário, muito frescos, arejados e com o perfume dos reluzentes carros do ano e de bailes cujas flores ainda não haviam murchado. Outra coisa que o excitava era que muitos homens já haviam amado Daisy — e aquilo, a seus olhos, lhe aumentava o valor. Ele sentia a presença deles por toda a casa, preenchendo o ar com suas sombras e ecos de emoções ainda vibrantes.

  Mas ele sabia que estava na casa de Daisy por um gigantesco acidente. Por mais glorioso que pudesse ser seu futuro como Jay Gatsby, naquele momento ele era um jovem miserável e sem passado, e a qualquer hora o manto invisível de seu uniforme poderia escapar de seus ombros. Então ele aproveitou o máximo possível. Tomou tudo o que pôde, de modo voraz e inescrupuloso — e acabou tomando a própria Daisy numa noite calma de outubro, só porque não tinha sequer o direito de tocar sua mão.

  Gatsby poderia ter sentido desprezo por si mesmo, pois certamente a tomara sob falsos pretextos. Não que ele tenha alardeado uma fortuna inexistente, mas fornecera de propósito a Daisy uma sensação de segurança; deixou-a acreditar que era um homem de estirpe, plenamente capaz de tomar conta dela. Na realidade, Gatsby não possuía recursos — não tinha nenhuma família próspera para apoiá-lo e estava sujeito aos caprichos de um governo impessoal que podia despachá-lo a qualquer hora para qualquer parte do mundo.

  Mas Gatsby não sentira desprezo por si mesmo e nada se dera conforme o esperado. Ele talvez pretendesse tomar tudo o que podia e ir embora — mas então descobriu que havia se lançado a uma verdadeira busca ao Graal. Sabia que Daisy era extraordinária, mas não imaginava o quanto uma garota “sofisticada” podia ser extraordinária. Ela se recolheu à mansão, em sua vida rica e completa, deixando Gatsby de mãos vazias. Ele se sentia casado com ela, mas isso era tudo.

  Quando se encontraram novamente, dois dias depois, era Gatsby que estava ofegante e se sentia de certa forma traído. O pórtico da casa estava iluminado por uma riqueza que emulava a luz das estrelas; as fibras de vime do canapé chiavam elegantemente conforme Daisy oferecia seus lábios curiosos e encantadores para um beijo. Ela pegara um resfriado, o que deixava sua voz mais rouca e charmosa do que nunca, e Gatsby tinha plena consciência de toda a juventude e mistério que a riqueza detém e preserva, da qualidade de seu vestuário e da presença luminosa de Daisy, que reluzia feito prata — segura, orgulhosa e muito acima das preocupações dos pobres.

  — Não saberia lhe dizer o quanto fiquei surpreso ao descobrir que a amava, meu velho. Por um momento, até cheguei a querer que ela me dispensasse, mas ela não o fez porque também estava apaixonada por mim. Daisy me achava inteligente por conhecer coisas que ela não sabia… Bem, ali estava eu, afastando-me das minhas ambições, apaixonando-me cada vez mais, e de repente nada disso importava. De que me adiantaria executar grandes feitos se eu podia me divertir muito mais contando a ela o que eu iria fazer?

  Na noite anterior a seu embarque, ele se sentou com Daisy no colo por um bom tempo, em silêncio. Era um dia frio de outono, havia fogo na lareira e suas bochechas estavam rosadas. De quando em quando, ela se mexia e ele ajeitava o braço, e a certa altura ele beijou seu cabelo escuro e brilhante. A noite os tranquilizara por um instante, como se quisesse proporcionar-lhes uma lembrança mais profunda para a longa despedida que o dia seguinte prenunciava. Em todo aquele mês de namoro, eles nunca estiveram tão próximos nem se comunicaram tanto quanto naquela noite em que ela roçou os lábios em seus ombros e ele tocou gentilmente a ponta de seus dedos, como se ela estivesse dormindo.

  Gatsby se saiu extraordinariamente bem na guerra. Tornou-se capitão antes mesmo de ir para o front, e após as batalhas de Argonne foi promovido a major e ganhou o comando do batalhão de artilharia. Com o armistício, tentou de todas as formas voltar para casa, mas algum tipo de complicação ou mal-entendido o desviou para Oxford. Agora ele estava preocupado — havia um tom de desespero angustiado nas cartas de Daisy. Ela não entendia por que Gatsby não podia voltar. Sofria com a pressão do mundo lá fora, queria encontrá-lo, sentir sua presença e certificar-se de que estava fazendo a coisa certa, no fim das contas.

  Pois Daisy era jovem e seu mundo artificial estava repleto de orquídeas, esnobismo amável e alegre, e orquestras que tocavam o ritmo da vez, resumindo a tristeza e as possibilidades da vida em novas melodias. Todas as noites, os saxofones gemiam os versos desesperados de “Beale Street blues”,1 enquanto uma centena de pares de sapatilhas prateadas e douradas se arrastavam pela poeira resplandecente. À hora cinzenta do chá, havia sempre algum salão pulsando incessantemente numa espécie de febre branda e doce, enquanto rostos jovens circulavam aqui e ali como pétalas de rosas sopradas no chão pelas tristes cornetas.

  Em meio a esse universo poente, Daisy voltou a seguir a estação; de repente, estava de novo marcando meia dúzia de encontros por dia com meia dúzia de homens e indo dormir ao amanhecer, com as contas e o chiffon de um vestido de noite enroscados entre orquídeas no chão ao lado da cama. Durante todo esse tempo, algo em seus olhos clamava por uma decisão. Ela queria definir sua vida imediatamente — e essa decisão precisava dar-se por algum tipo de força — de amor, de dinheiro, de praticidade inquestionável — que estivesse à mão.

  Essa força tomou forma no meio da primavera, com a chegada de Tom Buchanan. Havia uma grandeza saudável em sua pessoa e em sua posição, e Daisy se sentiu lisonjeada. Havia, sem dúvida, um tanto de resistência e um tanto de alívio. A carta alcançou Gatsby quando ele ainda estava em Oxford.

  Já era manhã em Long Island e nos pusemos a abrir o resto das janelas do térreo, preenchendo a casa com uma luz que oscilava entre o cinzento e o dourado. A sombra de uma árvore desceu abruptamente em meio ao orvalho e pássaros invisíveis começaram a cantar entre as folhas azuis. Havia um movimento lento e brando no ar, que não se podia chamar de vento, mas que prenunciava um dia fresco e agradável.

  — Não acho que ela chegou a amá-lo. — Gatsby virou-se da janela e olhou para mim desafiadoramente. — Lembre-se, meu velho, de que ela estava muito exaltada ontem à tarde. Ele lhe disse aquelas coisas de um jeito que a assustou, como se eu fosse uma espécie de vigarista barato. E o resultado é que ela mal sabia o que estava dizendo.

  Sentou-se melancolicamente.

  — É claro que ela pode tê-lo amado por um breve período, quando eram recém-casados… e me amar ainda mais, entende?

  De repente, ele fez uma observação curiosa:

  — Em todo caso, foi apenas pessoal.

  O que se pode concluir disso, exceto haver uma intensidade incomensurável em sua concepção daquele caso amoroso?

  Gatsby retornou da França quando Tom e Daisy ainda estavam em lua de mel, e empreendeu uma deprimente porém inevitável viagem a Louisville com os últimos recursos que poupara do Exército. Passou uma semana na cidade, percorrendo as ruas onde seus passos e os de Daisy se uniram nas noites de novembro e revisitando os lugares afastados onde estacionaram seu carro branco. Assim como a casa de Daisy sempre lhe parecera mais misteriosa e alegre do que as outras, a ideia daquela cidade também se revestia de uma beleza melancólica, mesmo que Daisy não estivesse mais lá.

  Gatsby partiu com a impressão de que a encontraria caso tivesse procurado melhor — de que estava deixando Daisy para trás. O vagão de passageiros — ele não tinha um tostão — era muito abafado. Saiu para o vestíbulo aberto e sentou-se numa cadeira dobrável, enquanto a estação lhe escapava e dava lugar a
uma sucessão de fundos de edifícios desconhecidos. Depois o trem atravessou os campos primaveris, sendo acompanhado brevemente por um bonde repleto de gente que deve ter visto uma vez, na rua, a magia pálida de seu rosto.

  Agora a ferrovia fazia uma curva e se afastava do sol, que, ao descer no horizonte, parecia abençoar a cidade evanescente onde Daisy uma vez respirou. Desesperado, ele estendeu a mão para fora, como se quisesse agarrar um mísero filete de ar, salvando um fragmento do local que Daisy tornara tão encantador. Mas tudo passava rápido demais diante de seus olhos embaçados, e ele sabia que tinha perdido aquele detalhe da paisagem, o melhor e mais puro, para sempre.

  Eram nove da manhã quando terminamos o café e saímos para o pórtico. A noite trouxera uma considerável mudança no clima e havia um toque de outono no ar. O jardineiro, último dos empregados originais de Gatsby, aproximou-se do pé da escada.

  — Vou esvaziar a piscina hoje, senhor Gatsby. Logo as folhas irão começar a cair e teremos problemas com os canos.

  — Hoje não — ele respondeu. E voltou-se para mim, a título de justificativa: — Sabe de uma coisa, meu velho? Não usei a piscina nenhuma vez neste verão.

  Eu consultei o relógio e me levantei:

  — Meu trem sai em vinte minutos.

  Eu não queria ir à cidade. Não estava em condições de encarar um expediente de trabalho, mas não era só isso — eu não queria deixar Gatsby sozinho. Perdi aquele trem e depois outro, até que enfim consegui sair de lá.

  — Eu te ligo mais tarde — falei.

  — Faça isso, meu velho.

  — Ligarei lá pelo meio-dia.

  Descemos lentamente os degraus.

  — Acho que Daisy também vai ligar. — Ele me olhou ansiosamente, na expectativa de minha anuência.

  — Acho que sim.

  — Bem, adeus.

  Apertamos as mãos e eu me afastei. Pouco antes de alcançar a cerca, lembrei-me de uma coisa e me virei para trás.

 

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